O Topo da Imperial


Já estava combinado há umas semanas que a juventude viria a Oriola passar um fim de semana.

Obviamente que estava mais dependente da disponibilidade deles, apesar de eu ter, quase sempre, a narração do Oriolenses ao domingo.

Depois de várias datas como hipóteses, ficou combinado que seria esta semana a prometida visita.

Já com tudo tratado, bilhetes de comboio adquiridos, surgiu uma novidade na minha agenda, um relato radiofónico no sábado.

Enquanto esperava por eles na estação, ia pensando como seria a melhor forma de conjugarmos o nosso trabalho nas Crónicas, nomeadamente o horário das nossas reuniões.

Enquanto pensava nisso, senti o comboio a parar em Vila Nova da Baronia.

Todos eles de mochila às costas, foram os únicos a ficarem nesta estação do concelho do Alvito, já no distrito de Beja.

“Boa noite Tio”, saudaram os três com direito a beijinhos e fortes abraços.

“Fizeram boa viagem?”.

“Uma maravilha”, afirmou a RODINHAS.

“Eu ainda dormi uma beca pelo caminho riu-se o ALÉU.

“Ainda bem que falas em dormir. Pelo caminho vamos combinar uma coisa”.

Tudo arrumado na mala do Citröen, seguimos tranquilamente rumo a casa.

“Tenho uma novidade para amanhã. Pediram-me para ir fazer o relato do Serpa vs Gil Vicente, para a Rádio Cávado de Barcelos, jogo da Taça de Portugal que vai realizar-se amanhã às três da tarde. Sendo assim, temos que alterar a nossa ordem de trabalhos. Querem preparar o trabalho de amanhã ainda hoje, ou fazemos uma alvorada mais cedo?”.

Eles entreolharam-se, trocaram olhares e foi o OLHA que avançou com a resposta.

“Tio, estamos um bocado cansados, mas talvez seja melhor combinarmos hoje o trabalho para sábado e descansamos mais um pouco de manhã”.

“Parece-me bem. Estamos a chegar, jantamos e já falamos”.

Ainda o carro não tinha parado e já o Pizzi nos recebia com o seu ladrar de cão mau.

Entrámos no quintal, ele percebeu quem chegava, acalmou-se, passou a distribuir umas lambidelas, enquanto que o Pablo acreditava que alguém lhe daria algo para comer.

A Princesa já tinha o jantar pronto, sentámo-nos à volta da mesa e deliciámo-nos com frango e uma bela canja.

Mesa arrumada, temperatura excelente, reunimo-nos cá fora.

“Bem, como vou estar cá pouco tempo nestes dois dias, são vocês que vão tratar dos jogos esta semana e por isso deixo ao vosso critério os jogos que querem analisar. Todos de acordo?”.

“Combinadíssimo Tio. Bom relato em Serpa”, desejaram os três.

Enquanto eles se deitavam, fui arrumar o material para levar amanhã.

No GPS de hoje vamos até uma cidade onde já fui feliz várias vezes.

Por lá nasceu o Hóquei Clube de Penafiel em 2017, que anteriormente se designava Associação Para o Desenvolvimento de Galegos – Penafiel.

A freguesia de Galegos perdeu nos últimos dez anos 3,2% da sua população, contabilizando no final do ano transato quase 2600 habitantes.

A cidade penafidelense fica do Porto, dependendo do trânsito, entre trinta e quarenta cinco minutos, podendo deslocar-se até à Rua de Santa Luzia onde pode tomar uma refeição no Restaurante O Farela.

A viagem de Oriola até Serpa e o regresso foram muito calmas.

Para estar cedo na cidade raiana, resolvi ir lá almoçar.

Ir a Serpa e não ir ao Lebrinha, nem devia ser permitido.

A cidade estava efervescente bem cedo, o restaurante com as mesas quase todas reservadas, mas o ensopado de borrego estava à minha espera.

Este local tem praticamente a minha idade, mas sempre ouvi esta frase sobre ele: “Tem a melhor imperial de Portugal!”.

Não sei se é verdade, mas pelo sim, pelo não, esta foi a terceira vez que lá fui confirmar.

Pode ser sugestão, mas que é muito boa, não há margem para dúvida.

Eu ficava lá mais um bocadinho a degustá-la, mas o jogo era às três da tarde.

Fui muito bem recebido pelos dirigentes locais, a narração correu bem, apesar de uma rouquidão inicial, regressei a casa, onde já tinha toda a gente à minha espera.

“Olá Tio, tivemos todos a ouvir-te e gostámos muito”, afirmou a RODINHAS.

“Nunca me tinham ouvido anteriormente?”, perguntei eu.

“Hóquei sim, mas futebol ainda não”, explicou o ALÉU. “Gostei muito, pois em rádio é mais difícil, certo?”.

“Claro que é, até porque um segundo de pausa, é uma branca enorme. Além disso já não fazia rádio há bastante tempo, pelo que no início estava complicado, mas depois a voz normalizou. Bem vamos lá aos jogos de hoje. Quem começa?”.

“Posso ser eu. Tivemos apenas um jogo da 1ª divisão e foi este que estive a ver. A vida não está fácil para a malta da Linha, pois as três equipas da zona estão todas nos lugares de despromoção. Hoje no Casablanca tivemos um jogo muito nervoso, quatro cartões azuis, sete livres diretos, cinco grandes penalidades, o guarda-redes da casa defendeu quatro bolas paradas, mas a sua equipa perdeu, do lado contrário falharam cinco situações idênticas, mas ganharam. No mínimo um jogo estranho”, concluiu o OLHA.

“Pois foi. Vamos lá ao próximo que é o ALÉU”.

“A minha vida de hoje foi em Torres Vedras. Por lá jogava uma equipa açoriana que ainda não tinha ganho e outra que estava no extremo contrário da felicidade. Hoje correu tudo ao contrário, sendo que a alegria anterior de uns transformou-se na tristeza dos outros”.

“Estás um filósofo hoje”, brinquei eu. “Acaba lá”.

“Mais uma curiosidade. O golo da vitória dos maritimistas fui de um miúdo com 45 anos”.

“Um internacional angolano que ainda joga muito”, completei eu. “Só falta a RODINHAS.

“Para terminar, estive também numa de 2ª divisão, mas a Norte e vi dois jogos em simultâneo. Duas equipas que ainda só venceram, duas formações candidatas à subida e que mantiveram a invencibilidade neste sábado. Quatro jogos, quatro vitórias, e a festa vai-se fazendo em São João da Madeira e Vale de Cambra”.

“Muito bem. Querem falar já do trabalho para amanhã?”.

“Acho bem, ficamos já despachados”, concordou o OLHA.

“Equipa que ganha não se mexe, pelo que mantemos a tática que usámos para hoje. Amanhã vou até Vila Viçosa e, como hoje, tenho que sair antes de almoço. Bom descanso e até amanhã”.

“Até amanhã Tio”.

Enquanto eles se foram deitar, fiquei a espreitar a Taça do futebol.

Também no norte do país vamos encontrar o protagonista do FORA DO BANCO deste sábado, ele que gosta do primeiro Sozinho em Casa como eu.

Não sei é quem o viu mais vezes.

Nome Completo: Leonardo Pinto Rodrigues

Clube atual: USC Paredes

Alcunha (se tiver): Não tenho

Idade: 33 anos

Local de Nascimento: Fânzeres

Prato preferido: Um bom bife com ovo a cavalo e batatas fritas

Melhor cidade para viver: Porto

Livro que está na mesa de cabeceira: Não tenho nenhum

O filme que já viu mais do que uma vez: Sozinho em Casa 1

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): GDC Fânzeres, Clube Infante de Sagres

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Com 18 anos, de início como adjunto nos escalões de formação. Sempre conciliei ser treinador de formação e atleta sénior. Até chegar ao escalão sénior, onde tive de optar, como penso ter mais futuro como treinador, optei pela de treinador

Clubes/seleções que já treinou: GDC Fânzeres, AD Valongo, CI Sagres, USC Paredes

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Equipas de formação, mas cada uma tem as suas variáveis dificuldades

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Toda a semana

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Voltar ao apito nos penáltis e livres diretos

Maior tristeza como treinador: Não tive assim uma grande tristeza, pois acredito que tudo faz parte, mas selecionando, o final da época 2020/2021

E, claro, a maior alegria: Conquista do campeonato nacional sub-17 na época 2015/16 e a subida de divisão com o Fânzeres em 2018/19

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: A arrogância da falta de verdade.

A SACADA deste sábado aconteceu nas Termas de São Pedro do Sul, quatorze golos, dezanove faltas e o destaque vai para Sérgio Costa, guarda-redes da casa, que sofreu oito golos.

Um poker num jogo, daqueles puros, ou seja, quatro golos seguidos, deixa sempre o executante à beira de levar O VELHO para casa.

Esta distinção de hoje vai para o Dinis Abreu (Juventude Pacense).

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