Segunda ao Sábado


Depois de um fim de semana em que estivemos juntos, apesar das minhas horas de ausência por causa das narrações, hoje regressámos às reuniões à distância.

Enquanto não chegavam as 11 horas, fui colocando a leitura em dia, hoje com o rescaldo do Clássico de ontem em destaque. “Eles vão querer falar do jogo, mas também dos problemas do Ronaldo”, pensei eu em voz alta.

A juventude delicia-se com o hóquei, mas não deixa passar uma boa questão sobre outro desporto, nomeadamente o futebol, pelo que já estava preparado para essa temática quando as janelas começaram a abrir no ecrã.

“Bom dia Tio”, gritaram os três a plenos pulmões.

“Bom dia juventude”, respondi eu. “O que é isso ao pescoço?”.

“Então Tio, é um cachecol do nosso Benfas”, explicou, enquanto se ria, a RODINHAS.

“Pois, já percebi, vêm todos muito satisfeitos. Vamos lá a um pequeno espaço para falarem do jogo”.

“Não foi um jogo muito bom, mas o Schmidt foi muito inteligente. Acho que foi a vitória da frieza alemã, frente ao excesso de temperatura do Conceição”, argumentou o OLHA.

“Parece-me uma boa análise. E sobre o Cristiano Ronaldo, alguém quer dizer alguma coisa?”.

“Confesso que estou um bocado desiludido com ele”, avançou o ALÉU. “Não me recordo de ele ter este tipo de atitudes, mas já se percebeu que ele não gosta de estar no banco, coisa que raramente lhe aconteceu ao longo da carreira. Já se percebeu porque é que o Fernando Santos o coloca sempre a titular e nunca o substitui”, finalizou ele com um sorriso maroto.

“Assuntos encerrados, vamos lá distribuir os nossos jogos de hoje”.

“Tio, posso só fazer aqui duas referências?”, questionou a RODINHAS.

“Claro que sim, diz lá”.

“Como o Tio faz a oferta d’O VELHO só ao fim de semana, quero fazer aqui um destaque. Para o Folhetas, alcunha do Rui Silva, jogador do Limianos que marcou sete golos na 4ª feira, e para o Nuno Santos do Vila Boa do Bispo que marcou ontem os quatro golos da sua equipa”.

“Essa malta estava de aléu afinado. Bem, vamos lá ao nosso trabalho para hoje. Como no domingo passado nos debruçamos sobre a 3ª divisão, hoje vamos focar-nos na segunda. Eu e o ALÉU com dois jogos a Sul, a RODINHAS e o OLHA olham para dois a Norte. Entendido?”.

“Certo, vamos numa de Secundona”, brincou o OLHA.

“Acho que essa palavra não existe, mas fica assim”, referi com uma enorme gargalhada.

“E se fosse a 1ª divisão era a Primeirona”, gozou o ALÉU.

“Assunto encerrado. Até logo”.

“Xau Tio”, despediram-se eles enquanto se evaporavam do monitor.

Cada vez se portam melhor os meus miúdos.

No GPS de hoje viajamos até ao distrito de Coimbra para conhecer os Amigos da Freguesia de Arazede, coletividade fundada em 1987.

Situada no município de Montemor-o-Velho, a freguesia de Arazede – onde já fui muito feliz – perdeu na última década 9,6% da sua população, registando no final do ano passado quase 5000 habitantes.

Uma hora e pouco depois de sair do Porto, 180 minutos se partir de Lisboa, chega ao centro da vila e encontra o Restaurante O Serrado onde pode comer um bom grelhado.

Quando tinha dezoito anos bebi lá umas jolas.

Depois de ver o jogo que me tinha calhado, foi espreitando os sete ecrãs que me vão dando informação, hóquei, snooker, futebol e ciclismo, além do Esperto – o meu telemóvel – que vai debitando atualização de resultados.

Conforme as previsões tinham avançado, tivemos chuva e vento forte durante grande parte da tarde, o que faz com que a internet – que chega aqui por satélite – tenha interrupções, sendo que quando isso acontece só o telemóvel vai trazendo as últimas notícias.

Com a hora combinada a aproximar-se, abri uma cerveja e fiquei à espera que eles chegassem.

Não demorou muito até a algazarra chegar ao portátil.

“Boa noite Tio”, uma saudação que chegou de forma estereofónica.

“Boa noite juventude. Isso é que é energia. Vamos começar?”.

“De manhã era para falar nisso, mas não tive oportunidade. O que se passa em Inglaterra? Esteve lá uma senhora mês e meio, disse que não desistia, mas dois dias depois demitiu-se e agora dizem que aquele despenteado que lá esteve antes pode regressar. Anda tudo doido? Já em Itália temos um primeiro-ministro mulher, a primeira da história, mas dizem que ela gosta do Mussolini”, concluiu o OLHA.

“Esse tipo não era um fascista italiano?”, perguntou a RODINHAS.

“Era sim”, confirmei eu. “As pessoas vão ficando cansadas dos políticos e esquecem-se do que se passou no passado. Enfim, deixemos os problemas dos outros e vamos aos nossos jogos. Quem quer começar?”.

“Começo eu”, avançou o ALÉU. “Eu estive focado num derby da linha, daqueles que ninguém gosta de perder, mas os forasteiros foram mais fortes. O resultado final até pode indicar algum equilíbrio, mas os oeirenses dominaram totalmente até aos dez minutos finais onde sofreram os seus golos, quando já venciam confortavelmente”.  

“Muito bem. Do Estoril vamos até São João da Madeira, ouvir a RODINHAS”.

“Já se percebeu que o objetivo da equipa de Tiago Sousa é subir de divisão. Hoje não tiveram uma tarefa fácil, apesar de terem estado sempre na frente do marcador, festejando a quinta vitória na prova e a liderança isolada”.

“Verdade. Agora é a minha deixa e é para ir até Marrazes. Para quem pensava que ia ser um passeio para a malta da Vila Presépio, a rapaziada da casa não alinhou nessas facilidades. Começaram a ganhar, foram para o intervalo em desvantagem, regressaram à frente do resultado e permitiram o empate já na parte final, com destaque para o guarda-redes local que defendeu três livres diretos e um penalty, sendo o segundo ponto dos locais no campeonato e os primeiros pontos desperdiçados pelos alenquerenses. Para terminarmos os jogos de hoje vamos até à Capital do Móvel, certo OLHA?”.

“Exatamente. Por lá encontraram-se duas equipas que querem discutir um lugar de subida. Jogo equilibradíssimo, e tal como em Marrazes, muito devido ao guarda-redes dos forasteiros que também evitou três livres diretos e um penalty, só não resistindo a um golo do Miccoli, que desfez a igualdade já perto do fim e se transformou em grande”.

“Belo trocadilho, sim senhor. Bem por hoje já está, amanhã cá estaremos antes de almoço. Até amanhã”.

“Ate amanhã Tio”.

Evaporaram-se do monitor, mas amanhã estão de volta.

Neste sábado vamos conhecer um jovem técnico no FORA DO BANCO, mais um da cidade dos estudantes.

Nome Completo: Bernardo Monteiro Martins

Clube atual: Associação de Patinagem de Coimbra

Idade: 21 anos

Local de Nascimento: Coimbra

Prato preferido: Massa à Bolonhesa

Melhor cidade para viver: Coimbra

Livro que está na mesa de cabeceira: A origem (de quase) tudo

O filme que já viu mais do que uma vez: Joker

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Futebol Clube Oliveira do Hospital e Associação Académica de Coimbra

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Na altura que ajudei a orientar uma equipa de Bambis

Clubes/seleções que já treinou: Futebol Clube Oliveira do Hospital e Associação de Patinagem de Coimbra

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Ainda só tive experiência com formação

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Uma semana

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Não me recordo de nenhuma alteração no que toca a regras de jogo

Maior tristeza como treinador: Espero ter poucas tristezas enquanto treinador, mas por enquanto ainda não há nenhuma

E, claro, a maior alegria: Criar um grupo unido com atletas provenientes de diferentes clubes

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo:  Falta de atitude em campo.

A SACADA de hoje vem de França, quatorze golos, com a curiosidade de o destaque ir para os dois guarda-redes, pois o jogo terminou empatado.

Loïc Chibois (Mérignac) e Alan Audelin (Coutras) merecem a distinção deste sábado.

Foi uma espécie de pequena vingança do Dário Santo.

Jogando contra uma equipa que já representou, o atleta do Leiria e Marrazes fez os três golos da sua equipa e leva O VELHO de hoje para casa.

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