Europa e o Três


(6/05/2023) Com o regresso da Princesa a Oriola, voltou a normalidade à nossa vida. Certamente que vamos estar mais algumas vezes separados fisicamente – já em junho – mas não deixa de nos custar quando os quilómetros são muitos entre os dois.

A altura das decisões está a chegar, nomeadamente ao nível dos campeonatos nacionais, enquanto que a Taça de Portugal, Taça Europa e Liga dos Campeões feminina já têm dono.

Por estes dias temos por aqui uma novidade na aldeia, que é a chegada do Trovão, o cão que o Eduardo – também um migrante da área de Lisboa – adotou com sete anos de idade. Esta manhã, antes da reunião com a juventude, marcámos um encontro entre o novo patudo, o Pablo e o Pizzi, para eles se conhecerem, até porque dentro em dias ele deve cá ficar um fim de semana.

Como era de esperar com o Pablo não se passa nada: “Mais um cão, quero lá saber”, já o Pizzi, muito mais territorial, a relação esteve mais tensa, mas normal num primeiro encontro. Quando tudo estava calmo e o Eduardo não estava presente, o Trovão conseguiu abrir a porta para o exterior, com a pata, ficando três cães a passearem na rua. Rapidamente conseguimos que eles regressassem e a porta passou a estar fechada à chave.

Consultei o relógio que comprei em Valência, liguei o meu velho Mac – que já tem cinco anos – esperei que eles chegassem, o que aconteceu minutos depois.

“Bom dia juventude”.

“Bom dia Tio. Vê-se logo que já tens aí a Princesa, nota-se logo pelo teu sorriso”, constatou a RODINHAS.

“A sério!? Mas não tenho estado triste. Saudades sim, mas tristeza não”.

“E como está o Francisco?”, perguntou o OLHA.

“Ótimo, está a entrar no ritmo de come e dorme, apesar de por vezes ser preguiçoso com o biberon. Antes de irmos ao hóquei, tenho aqui um tema para falarmos no fora da caixa”.

“Eu também tinha um”, afirmou o OLHA.

“Excelente, vamos lá ver se temos tempo para abordar os dois. Começa tu”.

“Descobri que ontem foi o Dia Mundial da Língua Portuguesa e lembrei-me logo de ti, porque tu não gostas nada de inglesices”, riu-se ele com gosto.

“Tens toda a razão, irrita-me mesmo. Vocês sabiam que a nossa língua é a mais falada no hemisfério sul? Além desse grande pormenor, o português está espalhado por todo o Mundo com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes”.

“Por acaso sabia e até temos uma palavra que não tem tradução em nenhuma língua”, afirmou o ALÉU.

“Saudade”, gritou a RODINHAS.

“Tal é a força dessa palavra que só os que falam português a sabem utilizar. Depois disto vale a pena dizermos time-out em vez de desconto de tempo, ou partner em vez de parceiro? E podia estar mil Crónicas só a utilizar estas comparações”.

“Estamos todos de acordo”, sublinharam os três.

“Ainda bem. Tenho um desafio para vocês. Quero saber que prendas vão dar amanhã às vossas Mães?”.

“Assim elas ficam já a saber”, gozou o OLHA.

“A Crónica só é publicada na 4ª feira e o Dia da Mãe é já amanhã”, gritou o ALÉU.

“Calma puto, eu sabia, estava a brincar”, esclareceu o OLHA. “Eu vou dar um perfume à minha, um que eu sei que ela gosta muito”.

“Caraças, nunca mais me lembrei disso”, confessou a RODINHAS. “Ainda tenho que a ir comprar hoje, mas vou-lhe comprar uma bela caixa de chocolates, pois ela é gulosa como eu”.

“Eu diria que tu é que és gulosa como ela. E tu ALÉU?”.

“Não costumo variar muito todos os anos. No primeiro domingo de maio ofereço-lhe um belo ramo de flores, pois sei que ela adora, sendo que as vou alterando anualmente para não repetir. Já fiz até um ficheiro de Excel para não me espalhar e este ano vão ser rosas”.

“Muito bem, depois vou telefonar para elas para saber se vocês não me enganaram”.

“Tio? A sério, então…”.

“Calma miúda, estava a brincar”, afirmei eu com uma sonora gargalhada.

“Ah… ok, já estava a ficar um bocadinho indignada”, explicou a RODINHAS.

“Juventude, já me deviam conhecer melhor. Vamos encerrar este capítulo, mas antes de irmos à nossa agenda para este fim de semana, quem faz um resumo do que já aconteceu na Liga dos Campeões masculina?”.

“Posso ser eu”, avançou o ALÉU. “Tivemos quatro jogos carregadinhos de emoção, um decidido no prolongamento, outro nas grandes penalidades, sendo que nos outros dois, onde estiveram só equipas portuguesas, a incerteza também durou até ao buzinão final. Uma coisa já sabemos – que não era líquido no início – é que vamos ter, pelo menos, uma equipa portuguesa na final de domingo”.

“Isso é certinho. Então ficas tu com essa competição, eu vou ficar com a Segundona a Sul, enquanto que a Zona Norte fica à atenção da RODINHAS, já o OLHA vai focar-se na competição feminina, por cá e em Espanha. Todos de acordo?”.

“Tudo bem Tio, até terça-feira”, despediram-se eles cheios de pressa para irem almoçar.

Por falar em almoço, para festejarmos o regresso da Princesa vamos almoçar ao Camponês.

Hoje no FORA DO BANCO temos um homem do Oeste, que jogou nos dois lados da Segunda Circular, muito antes de ir sofrer para o lado de fora do rinque.

Nome Completo: André Filipe Pereira Gil

Clube/ Seleção atual: Seleção AP Lisboa sub-15

Idade: 45 anos

Local de Nascimento: Torres Vedras

Prato preferido: Bacalhau à lagareiro

Melhor cidade para viver: Torres Vedras

Livro que está na mesa de cabeceira: Hábitos Atómicos de James Clear

O filme que já viu mais do que uma vez: Gladiador

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): AE Física D (Formação e Seniores), Sporting CP (Formação e Seniores); SL Benfica, Seixal FC (Formação e Seniores) e Sporting Torres (Seniores)

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Quando estava a finalizar o Curso de Educação Física e Desporto e fiz a especialidade em Hóquei em Patins

Clubes/seleções que já treinou: Sporting Clube de Torres (Formação), AE Fisica D (Formação e Seniores), HC Sintra (Formação e Seniores), Parede FC (Seniores) S Alenquer B (Seniores), Clube Desportivo Paço d’Arcos (Formação e Seniores) e Seleção AP Lisboa sub-15

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Equipas de formação

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Depende se estou a treinar equipas de formação ou seniores. Em média quatro horas

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Neste momento não alteraria regras, mas investia fortemente na formação prática dos árbitros. É fundamental haver uma interpretação correta das regras e a sua aplicação nos jogos

Maior tristeza como treinador: Não ter subido diretamente à primeira divisão no último jogo do campeonato, quando treinava a AE Física D. Nesse jogo foi marcado um penálti (por sinal muito duvidoso) a menos de um segundo do fim do jogo, e com esse golo sofrido acabamos por não subir, quando tivemos praticamente todo o campeonato no primeiro lugar

E, claro, a maior alegria: A minha segunda subida de divisão pela AE Física D, principalmente porque nunca nos consideram candidatos à subida

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: A arrogância ou falta de educação dos agentes envolvidos no jogo, especialmente quando os árbitros assumem o protagonismo por essas razões e não por estarem a realizar um bom trabalho.

(9/05/2023) Já foram imensas as competições que eu o Ricardo resolvemos fazer há uns anos. Tudo começou no verão de 2011 quando fui operado – pela segunda vez – ao joelho direito, mazelas do meu tempo de jogador da bola, o Melhor Pé Esquerdo do Ribatejo no meu querido Alhandra Sporting Club.

Essa cirurgia, bem complicada, obrigou-me a estar oito semanas sem puder colocar o pé no chão, pelo que surgiu a ideia de fazer uns jogos com o puto. O ponto de partida era dividir, por exemplo, no campeonato português de hóquei em patins, as equipas por nós os dois, sendo que vencia quem conseguisse mais pontos no fim da temporada.

Foi uma boa ideia, o problema foi o exagero. No futebol, literalmente, todos a campeonatos europeus, provas na América do Sul, Ásia e África, basquetebol, hóquei no gelo, andebol, automobilismo, ciclismo, além de apuramento para Mundiais e Europeus, enfim, uma verdadeira loucura que me ocupava, como eu dizia: “2ª feira é dia de classificações!”.

Com o tempo fui deixando cair quase tudo, até porque reformado tem pouca disponibilidade – como já expliquei várias vezes – mantendo-se por esta altura a NBA e várias provas de ciclismo, onde a Princesa também participa.

Toda esta conversa teve origem na lembrança de que ainda não fiz a classificação da etapa de hoje do Giro, que começou no sábado. Cada um de nós escolheu um ciclista de cada equipa, bonificações para vencedores de etapas e camisolas, e no fim vence quem tiver menos pontos. Estava a terminar esta tarefa quando eles surgiram no monitor.

“Boa noite Tio. Estavas muito concentrado!”, exclamou o OLHA.

“Boa noite juventude. Verdade, estava a terminar a nossa classificação da competição velocipédica”.

“Pois claro, a Volta a Itália em bicicleta”, afirmou a RODINHAS.

“Correto, ainda há pouco estava aqui a refletir sobre essa mania”.

“Já nos contaste como surgiu”, confirmou o ALÉU.

“Pois foi, quando vocês vieram cá da primeira vez falámos sobre isso. Fica já combinado que na última Crónica desta época, provavelmente no início de junho, vocês vêm cá passar o fim de semana a Oriola”.

“Fica já combinado Tio”, confirmaram os três.

“Certo, depois é só escolherem a ementa. Vamos lá ao trabalho, com uma pergunta: Sabem o que se comemora hoje?”.

“Tio, essa é fácil, é o Dia da Europa”, afirmou o OLHA.

“Exatamente, faz hoje 73 anos que o ministro francês dos Negócios Estrangeiros proferiu a Declaração Schmuman, onde se proponha a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) que visava construir um mercado comum destas matérias, um primeiro passo, percebe-se hoje, para a atual União Europeia”.

“O que dizia essa declaração?”, perguntou a RODINHAS.

“Cinco anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial os governos europeus concluíram que unir as suas produções de carvão e aço tornaria a guerra entre França e Alemanha, países rivais, não só impensável, mas materialmente impossível, sendo que esta declaração que proferiu Schmuman, terá mudado o rumo do nosso Continente. Já que falamos da Europa, vamos começar pela Liga dos Campeões e ouvir o que o ALÉU tem para nos contar”.

“Começo por reforçar o que afirmei no sábado, foi uma final a oito emocionante, com todos os jogos discutidos até ao fim. Fiquei até com a sensação que a final, com duas equipas portuguesas, terá sido a partida que ficou decidida mais cedo. Depois a vitória do FC Porto ficou marcada pelo número três, pois foi a terceira na prova e aconteceu 33 anos depois, coincidências dos números”.

“E venceram os três jogos em Viana do Castelo”, acrescentou o OLHA.

“Verdade, mas se isso não acontecesse, tudo o que eu disse já tinha caído por terra”, riu-se o ALÉU.

“Sim, sim”, gozava ele, enquanto as lágrimas lhe escoriam pela face. “Estava a brincar contigo, juntando mais um três à história da Liga dos Campeões desta temporada”.

“Já percebi que estão bem dispostos, até porque o caneco desta vez ficou por cá. Vamos avançar para as competições femininas em Espanha e Portugal”.

“Na derradeira jornada na casa das nuestras hermanas, com as quatro primeiras já definidas, a atenção estava no alçapão da tabela classificativa. Num autêntico sprint final, Igualdada Femení e Las Rozas mantiveram-se na divisão principal, empurrando para a descida Cerdanyola e Bigues i Riells, sendo que estas últimas desceram porque deixaram de jogar de saia”.

“Estás a falar a sério?”, perguntei eu.

“Claro que não Tio, mas habituei-me a ver esta equipa e o Plegamans, que está na luta pelo título, a jogar de saias”.

“Já tinha percebido que era uma brincadeira. E por cá?”.

“À semelhança do que aconteceu em Espanha, apesar de a forma de lá chegar ser diferente, também já sabemos que o Benfica frente à Stuart Massamá e o Turquel a encontrar o Feira, são as quatro formações que vão discutir os lugares na final, à melhor de três jogos”, finalizou o OLHA.

“Hoje vou ficar para o fim, com a RODINHAS a falar-nos agora da Segundona a Norte”.

“Isso mesmo Tio. Com quatro jornadas por jogar a malta de Paços de Ferreira já tem as faixas no pavilhão, Póvoa, Carvalhos e Sanjoanense lutam pela segunda posição, enquanto que o Termas conseguiu a segunda vitória no campeonato, precisamente no dia em que desceu à Terceirona”, terminou ela

“Emoções até ao fim, também a Sul, onde tivemos uma verdadeira final na Aldeia do Hóquei que sorriu aos locais, que deram mais uma patinada importante para a subida e complicaram a vida à rapaziada da Vila Presépio, com os picoenses a manterem-se na luta. Olhando para os lugares de baixo, ainda ninguém se entregou, mas as últimas três formações estão em maus lençóis, até porque nesta zona, fruto dos jogos nos Açores, várias equipas têm menos um jogo disputado. Mais uma semana que termina, ficando já encontro marcado para sábado”.

“Exatamente Tio, cá estaremos. Forte abraço”, despediram-se eles em grande velocidade.

“Até sábado juventude”.

Olho para o relógio, com as onze da noite já ultrapassadas há muito.

Esta malta quando começa a falar nunca mais se cala.

Saem ao Tio!

Esta semana a SACADA aconteceu no nacional de sub-13, num jogo realizado em Sacavém onde acontecerem dezasseis golos, ficaram mais felizes os leõezinhos, mas o destaque vai para Pedro Fonseca (5) e Tomás Lobo (8) defensores das redes do Oeiras.

A distinção final desta semana vai, inevitavelmente, para um dos jogadores do FC Porto que festejaram em Viana do Castelo.

Nenhuma equipa está dependente do talento individual, mas no hóquei em patins muitas vezes se diz que um bom guarda-redes é meia equipa.

Para Xavi Malián vai O VELHO desta Crónica.

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