(3/06/2023) Olhei para o relógio, consultei o calendário de junho e percebi que tinha que tomar decisões.
Aqueles que perdem parte do seu tempo a ler as palermices que eu deixo por aqui já estão a pensar: “Quer ver que ele não tem tempo para escrever qualquer coisa para a semana?”.
Não é bem isso, mas não anda muito longe. Aproxima-se a minha incursão até ao areal da Nazaré, onde no Estádio do Viveiro – Jordan Santos eu vou estar nos próximos três fins de semana.
Entre futebol e andebol de praia, não tenho tempo para falar com a juventude, nem conseguir disponibilidade para redigir qualquer coisa de jeito, pois a narração é, literalmente, de sol a sol.
Recordo-me da primeira vez que o Nuno Inácio me questionou em 2017: “Percebes alguma coisa de futebol de praia?”. Respondi-lhe que sim, mas a necessidade de ser fluente em inglês deixou cair a minha estreia. No ano seguinte dominar o português era suficiente e fiz a minha estreia no futebol de praia, onde ao longo dos anos foi acrescentado o andebol.
Mais importante do que isso, consegui encontrar alguns Amigos que me recebem ano após ano com um enorme carinho.
Nos anteriores cinco anos as coisas não foram fáceis, por vezes porque a minha mania da perfeição chocava com outras ideias, ou porque, como aconteceu o ano passado, as vertigens me expulsaram do Estádio.
Voltei a consultar a minha bracelete que me comunica, da forma que vou escolhendo, a que horas ando. Como já sei que eles são pontuais, liguei o portátil e pouco depois surgiram os três.
“Bom dia Tio”.
“Bom dia juventude. Tudo em grande forma?”.
“Em nome da equipa, depois de recuperarmos as horas de sono perdidas no Marquês, estamos como novos”, garantiu a RODINHAS.
“Ainda bem. Tenho uma coisa para vos comunicar, mas antes vamos lá perceber o que aconteceu no jogo do Dragão a 1 de junho. Quem se chega à frente?”.
“Hoje sou eu”, começou o ALÉU. “Sem surpresa o fator casa voltou a ser preponderante, com a curiosidade de o resultado no Dragão ter sido o mesmo nos dois jogos. Domingo temos a negra na Luz”.
“Isso mesmo, os leões vão ter que esperar mais uns dias para saberem quem vai ser a sua companhia na final. Como vocês sabem, nas próximas semanas vou estar, quase em permanência, na Nazaré, pelo que não vou ter disponibilidade para escrever as Crónicas. Esta será a única este mês, sendo que voltamos a encontrar-nos no arranque do próximo, se vocês puderem, em Oriola. O que acham?”.
“Uma maravilha”, exclamou o OLHA. “Sempre podemos escolher a ementa?”, perguntou ele, em simultâneo com uma enorme gargalhada.
“Puxa, só pensas em comer! Logo vemos isso, pois ainda falta um mês. Vamos lá à nossa caixa dos aniversários e começo eu. Hoje vou trazer uma estrela do rock dos anos setenta de nome Susan Kay Quatrocchio, vocalista do grupo Suzi Quatro, ela que hoje faz 72 anos. Já sei que vocês nunca ouviram falar nela, mas vejam no YouTube e acho que vão gostar destes sons do meu tempo, quando estava na vossa idade atual, mais coisa, menos coisa”.
“Quando desligar já vou ouvir”, confirmou a RODINHAS. “Eu vou dar os parabéns ao futebolista Mario Gotze, que faz hoje 30 anos, ele que ficou célebre por marcar o golo frente a Argentina que deu o tetracampeonato mundial aos germânicos”.
“Foi sim senhor, recordo-me perfeitamente desse golo. Quem se segue?”.
“Vocês sabem que o ténis é uma modalidade que eu adoro e hoje faz 36 anos o espanhol Rafael Nadal, um dos melhores de todos os tempos”, afirmou o OLHA.
“Concordo contigo, ele que está lesionado e já confirmou que vai terminar a sua carreira em 2024. Só falta o ALÉU”.
“Isto hoje não esteve fácil, mas a minha atenção ao atletismo fez-me descobrir que a russa Elena Isinbaeva faz hoje 40 anos, ela que é a recordista mundial do salto à vara, considerada a melhor atleta da especialidade de sempre”, concluiu ele.
“Mais uma vez concordo, que enorme saltadora. Está na hora de fazermos a escala para esta semana. A RODINHAS vai estar atenta ao Nacional feminino, eu vou fazer o balanço da Segundona, onde já pouca coisa falta esclarecer, a Primeirona continua com o ALÉU, enquanto que o início das decisões da Terceirona ficam para o OLHA. Alguma dúvida?”.
“O que vai ser o almoço hoje por aí?”, brincou a cachopa da equipa.
“Hoje vou fazer umas bifanas de cebolada com puré de batata”.
“Que maravilha, adoramos!”, confirmaram os três.
“Até terça-feira juventude”.
“Adeus Tio”, despediram-se eles, mas não desligaram o som: “Malta, temos que pensar no que queremos comer quando formos a Oriola”, explicava a RODINHAS.
Que gulosos!
Esta semana no FORA DO BANCO temos um treinador – garanto que não foi combinado – que como eu gosta mais do apito do que gestos, além da cabidela.
Nome Completo: Vítor Sequeira Oliveira
Clube atual: AD Valongo
Idade: 41 anos
Local de Nascimento: Paranhos – Porto
Prato preferido: Arroz de cabidela
Melhor cidade para viver: Porto
Livro que está na mesa de cabeceira: Dune
O filme que já viu mais do que uma vez: 300
Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim.FC Porto, Estrela e Vigorosa, Gulpilhares, Infante de Sagres, Candelária, Juventude de Viana, Valongo, Espinho, HC Braga, IGR, Cambra, Póvoa, Carvalhos e Riba d’Ave
Como/quando chegou a opção de ser treinador: Gosto por ensinar
Clubes/seleções que já treinou: Gulpilhares, Póvoa e Valongo
Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Equipas de formação
Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Depende do tempo que temos entre um jogo e o outro. Mas normalmente vídeo no primeiro treino da semana e no último, envio das características dos jogadores e da equipa contra quem vamos jogar
Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Os penáltis e os livres diretos serem ao apito do árbitro
Maior tristeza como treinador: Ainda não tive
E, claro, a maior alegria: Subir de divisão, da 3ª para a 2.ª, e ser campeão nacional de sub-23
Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Quando os atletas não fazem o que lhes é pedido.
(6/06/2023) Quando uma pessoa atinge uma determinada idade, ganha a possibilidade de dizer: “No meu tempo…”, sempre que lhe apetecer.
Recordo-me de ver hóquei em patins a preto e branco, com as balizas alvas, postes retangulares e de madeira, com uma pequena plataforma na traseira onde um árbitro de baliza, acocorado, validava os golos, uma espécie de tecnologia de baliza humana e cansativa.
Nessa altura, os denominados lances de bola parada – uma contradição jornalística – restringiam-se aos penáltis que eram cobrados após o apito do árbitro. Mais tarde chegaram os livres diretos, as regras foram evoluindo, mas, na minha opinião, terem substituído a apitadela por um movimento braçal do árbitro é uma, como posso dizer isto sem ser muito crítico… uma palermice.
Já falei sobre o tema com várias pessoas ligadas ao hóquei, mas nenhuma me conseguiu mostrar a sua utilidade.
Se os jogadores têm cinco segundos para executar este tipo de lances, o apito dava início à contagem, seguindo-se o tal movimento de braços do juiz da partida.
Ainda por cima obrigam os jogadores – quem marca e quem tenta defender – a terem que olhar para o local onde se encontra o árbitro da partida para terem a noção de quando está autorizada a marcação da falta. Depois dá confusão, como aconteceu este domingo na Luz.
Não estará na hora de alterar esta regra que não acrescenta nada à beleza da modalidade?
Enquanto a pergunta fica no ar, a hora de falar com eles estava a chegar, liguei o portátil e eles apareceram poucos segundos depois, sempre com a sua habitual pontualidade.
“Boa noite juventude”.
“Boa noite Tio”, gritaram os três.
“Bolas, isso é que é energia”.
“Já arrumaste a mala para levares para a Nazaré?”, perguntou o ALÉU.
“Ainda não, mas é rápido. T-shirts, cuecas e uns chinelos, sendo que quando lá chegar compro uns novos, um ritual que criei quando comecei a ir para lá. Por acaso os que comprei o ano passado estragaram-se há umas semanas e tive que adquirir uns provisórios”.
“Mas olha que dão chuva para os próximos dias”, avisou a RODINHAS.
“E então? Todos os anos lá há um dia ou outro com a sua presença, mas na praia é de chinelinhos e manga curta. Uma pergunta para resposta de sim ou não antes irmos à nossa caixa dos aniversários. No hóquei em patins, apito ou não nos penáltis e livres diretos?”.
“Sim!”, resposta convicta e em uníssono.
“Estava há pouco a pensar nisso e estou perfeitamente de acordo com vocês”.
“Eu cá até digo mais, acho um disparate”, afirmou o OLHA.
“Vamos lá a isto e podes começar tu”.
“Mais uma vez foi o ténis que salvou. Claro que nunca o vi jogar ao vivo, mas já vídeos deste sueco que foi um dos melhores do Mundo. Bjorn Borg faz hoje 67 anos”.
“Eu ainda me lembro de o ver jogar, era um enorme tenista, sendo que não nos podemos esquecer que na sua altura e de outros da sua época, o material, nomeadamente as raquetes, não tinha a qualidade e a leveza que têm hoje. Quem se segue?”.
“Como no sábado, hoje também recorri ao atletismo, não por ser um atleta muito conhecido, mas porque tem dois recordes interessantes. Chama-se Ryan Brathwaite, nasceu nos Barbados há 34 anos, sendo que entrou para história por ser o atleta mais jovem a ganhar uma medalha de ouro no Mundial, além ter sido a primeira medalha conquistada pelo seu país na prova, tudo isto nos 110 metros barreiras quando tinha 21 anos”.
“Espetáculo!”, sublinhou a RODINHAS. Agora sou eu, que também tive muitas dificuldades para encontrar algo. No entanto descobri que há 39 anos foi lançado o jogo Tetris, que me recordo de jogar, quando era bem mais pequena, no telemóvel do meu Pai”.
“Já ouvi falar, mas acho que nunca joguei. É aquele em que caem umas peças de diversos feitios que têm que encaixar uma nas outras, não é?”, perguntou o ALÉU.
“Isso mesmo”, confirmei eu. “Já vos tinha dito que vou deixar cair esta obrigação, mas vamos levar até ao fim desta temporada. Eu encontrei uma cantora portuguesa, Eugénia Melo e Castro que faz hoje 65 anos, ela que era conhecida como a Geninha”.
“Nunca ouvimos falar”, referiram os três.
“Natural, mas procurem no You Tube, pois tinha canções bem bonitas e uma voz docinha. Deixemos a música e vamos lá ao nosso hóquei. ALÉU, conta-nos como vai a Primeirona”.
“Como era de esperar numa decisão de mata-mata, como dizia o Scolari, a negra na Luz foi o mais equilibrado dos quatro anteriores, com os visitantes a marcarem primeiro, o que ainda não tinha acontecido nas partidas anteriores, mas no final o fator casa foi determinante. Quinta-feira, feriado do Corpo de Deus, temos o primeiro jogo da final entre os dois primeiros da fase regular”.
“Vão ser jogos emocionantes. Por falar em emoção, o que já está resolvido é a Primeirona no feminino, verdade RODINHAS?”.
“Confirmo. Depois da derrota no primeiro jogo, as encarnadas venceram no sábado, de forma tranquila, mas no domingo tiveram que sofrer – perdiam ao intervalo – para conseguir o décimo título consecutivo, o que é obra, curiosamente sempre com o mesmo treinador”.
“Ele que foi um excelente jogador. Vamos lá à Terceirona, agora que começou a fase decisiva”.
“Nem mais”, começou o OLHA. “Para já ainda cedo para percebermos o que vai acontecer no final das seis jornadas. Um grupo apura o campeão, o outro vai decidir as duas equipas que sobem de divisão. Quando sair a última Crónica desta temporada já saberemos quem vai terminar mais feliz”.
“Já que falas nisso, no fim de semana de 1 e 2 de julho estaremos todos em Oriola, falamos de novo na terça-feira e a derradeira será publicada a 5 de julho. Só falto eu para encerrarmos esta semana a espreitar a Segundona. Não havia muita coisa para decidir, faltava confirmar quem vai lutar pelo terceiro lugar de subida, com festa nos Carvalhos ou no Pico, enquanto que na cave a Sul, a malta de Marrazes juntou-se às outras cinco equipas que já tinham descido esta época. Mais alguma coisa?”.
“Deixa-me só fazer uma referência para o Nacional de sub-23, com a juventude de Oliveira do Hospital a sagrar-se campeã esta época”, explicou o ALÉU.
“Excelente. Tinha isso aqui apontado para falar e já me passava. Esta cabeça já não é o que era”, ri-me eu. “Aproveitem bem esta folga de quase um mês para estudar”.
“É isso mesmo que vamos fazer, pois temos muitas frequências pela frente”, confirmou a RODINHAS.
“Bons trabalhos na Nazaré, Tio”, desejaram eles, enquanto desapareciam da minha vista, nem me dando tempo para agradecer.
Consultei o relógio.
“Bolas, quase meia-noite, vou mas é dormir”.
Com a chegada das provas ao fim, vamos tendo mais jogos com número de golos gordos. A SACADA desta semana ocorreu na casa do histórico Infante de Sagres, dezoito golos com festa para os visitantes e destaque para os guarda-redes locais, Rafael Pacheco (5) e Diogo Silva (6).
Uma equipa ser decacampeã é um facto invulgar, seja em que modalidade for.
Uma atleta conseguir estar nessas dez conquistas torna-se ainda mais extraordinário.
Para a Maria Celeste Vieira (Benfica) vai O VELHO desta semana.