Arca de Noé


(30/09/2023) Claro que por aqui, no Alentejo, a temperatura anda sempre no topo da classificação diária, mas desde que nos mudámos para cá – há cinco anos – temos a sensação que as estações do ano é uma coisa dos nossos tempos de criança.

Muitas vezes damos por nós a falar das alterações climáticas, mas será que todos nós fazemos a nossa parte?

Infelizmente ainda há muita gente, com muitas responsabilidades, que as desvaloriza, mas não há a mínima dúvida de que é preciso fazer alguma coisa que se veja.

Vão-se repetindo as cimeiras, promessas vão ficando escritas, mas o que acontece aos países que não cumprem a sua parte?

Nada!

Basta ver a pompa e circunstância com que as comitivas se apresentam nessas Conferências, quase todas em aviões privados, um dos meios de transporte mais poluentes. Não podiam discutir este assunto tão importante, cada um no seu país, através de vídeo conferência?

Seria certamente uma maneira de transmitirem que estão verdadeiramente preocupados com o que se passa no nosso planeta.

Enquanto estava envolvido nestes pensamentos, comecei a ouvir uns barulhos familiares.

“Boa noite Tio”.

“Olá juventude, boa noite”.

“Estás com um ar estranho”, sugeriu o OLHA.

“Estou? Estava aqui absorto com o problema das alterações climáticas”.

“Quer dizer que também viste aqueles jovens a atirarem tinta verde contra o Ministro”, afirmou o ALÉU.

“Ou aqueles ativistas que pintaram de vermelho a entrada da FIL, onde decorria um evento do setor da aviação”, explicou a RODINHAS.

“Sim, vi isso tudo, mais aqueles seis jovens portugueses que moveram uma ação contra 32 países europeus no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos”.

“Será que estas atitudes servem para alguma coisa?”, questionou o OLHA.

“Não sei, mas desde que não recorram à violência, todas as ações são válidas para despertar as mentes mais distraídas”.

“Tio, ainda há pessoas que afirmam que a Terra é plana!”, exclamou a RODINHAS.

“Mas contra os burros não há nada fazer, temos que contar é com os outros”.

“Uma das coisas que é preciso fazer é deixarmos os carros em casa, utilizando transportes públicos, apesar de ainda não serem todos elétricos”, afirmou o ALÉU.

“As pessoas são muito comodistas, poucas são as que abdicam da comodidade de irem no automóvel para todo o lado”, lamentou o OLHA.

“Acho que este foi um bom assunto para o nosso fora da caixa. Já sabia que vocês estão focados neste grave problema, que muitos relativizam. Vamos avançar para a nossa agenda de trabalho para este fim de semana. Como é a primeira vez do AMAGADINHO olhar para a Primeirona, vamos nós os quatro dedicar-nos à Terceirona que este ano tem sessenta equipas, mais cinco que a temporada passada. A RODINHAS fica com a série A, o OLHA com a B, o ALÉU com a C e eu fico a D e com a Taça Continental, uma Supertaça Europeia jogada a quatro. O que acham?”.

“Parece-nos bem”, afirmaram os três.

“Também lemos no teu blogue que ontem foste levar a vacina do Covid. Correu tudo bem?”, questionou a RODINHAS.

“Até agora só um braço dorido, mas de resto tudo bem. Este ano levei-a na farmácia em Viana do Alentejo, mas das quatro vezes anteriores só uma me levou à cama”.

“E já fizeste gelo”, perguntou o OLHA.

“Claro que sim. Aproveitem bem o fim de semana e até 3ª feira”.

“Xau Tio”, despediram-se eles.

Mais uma vez esqueceram-se de perguntar o que era o almoço hoje, que desta vez vai ser na Amieira, no aniversário de uma amiga da Princesa.

No arranque do FORA DO RINQUE desta nova época, chega um jovem jogador que conheci, bem pequenino, em Sintra.

Por isso é que eu estou velho.

Nome Completo: Bernardo Miguel Baleia Reis

Clube atual: AE Física D

Alcunha (se tiver): Não tenho

Idade: 24 anos

Local de Nascimento: Amadora

Clube estrangeiro futebol: Liverpool

Jogador português futebol: Bernardo Silva

Jogador estrangeiro futebol: Messi

Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Lebron James Prato: Lasanha

Sobremesa: Pastel de Nata

Bebida: Iced Tea

Filme: Velocidade Furiosa

Ator: Não tenho

Atriz: Não tenho

Série televisiva: Prison Break

Livro: Não tenho

Cidade portuguesa: Lisboa

Cidade estrangeira: Roma

Animais de estimação: Não tenho

Jogo de computador/consola: Football Manager

Hobbies: Padel

Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Padel

Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Primeira final a quatro para disputar o título de campeão nacional de sub-13, na altura infantis.

(2/10/2023) Inicialmente a ideia era ele enviar-me um texto sobre cada jornada da Primeirona, mas depois de conversarmos, concluímos que uma conversa entre os dois talvez fosse mais proveitosa, pelo que combinámos que isso aconteceria à segunda-feira à noite.

À hora combinada lá surgiu o AMAGADINHO.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite, tudo bem contigo?”.

“Estou um bocadinho nervoso”, confessou ele.

“Então porquê? Ninguém te vai fazer mal”, brinquei eu.

“Por dois motivos: primeiro porque não sou um especialista em hóquei em patins, em segundo lugar porque este sítio tem muita gente a frequentá-lo, aumentando a responsabilidade”.

“Companheiro, relaxa, até porque esta análise pretende ser uma coisa bem-disposta. Conforme tinhas falado comigo assim por alto, queres olhar para o campeonato de forma diferente”.

“Exatamente. Para a análise mais técnica dos jogos e classificações estão cá vocês, pelo que eu vou dar mais atenção a outras coisas”.

“Vamos lá a isso, estou curioso”.

“Para já temos uma prova com 14 equipas, que para já não gosto, pois para mim catorze é o Cais de Alhandra. Depois gosto mais de números ímpares. Por exemplo: eu nunca ponho o relógio a despertar às 8:00, mas sim às 8:01 ou 7:59 horas”.

“Mas sabes que se fosse um número não par de equipas, havia sempre uma que não jogava em cada jornada!”.

“Não andam sempre a queixar-se que jogam muito? Assim podiam descansar mais um bocadinho. Bem, vamos em frente. Nesta primeira jornada tivemos uma estreante na prova – a Juventude Pacense – que recebeu o Sporting, não conseguiu marcar nenhum golo o que acho mal, pelo que os leões até podiam vencer, mas o Girão devia deixar os pacenses marcarem um golo no debutar na prova”.

“Visto por esse prisma…”.

“Também, o Murches não conseguiu marcar, mas mais grave que isso os de Barcelos marcaram 11 golos! Também vou, como o Tio, dar um prémio que se vai chamar ALMOFADA, em homenagem ao lugar onde gosto de me amagar”.

“Qual vai ser o critério para a distinção?”.

“Quando uma equipa é goleada e utiliza os dois guarda-redes, o que sofrer menos leva o prémio”.

“Não devia ser ao contrário?”.

“Sofria mais e ganhava? Isso parecia a SACADA!”.

“Sim, talvez tenhas razão”.

“Nesta jornada, onde só se jogaram quatro jogos, pois os outros três são no feriado da Implementação da República, a ALMOFADA vai para o João Santos Kuno do Murches”.

“Já vai longa a conversa, mas como é a primeira, vou-te dar mais algum tempo”.

“Obrigado Tio, deixa-me dizer só mais duas coisinhas. Como agora estou apaixonado pelo râguebi, vou fazer uma pontuação semanal para os seis últimos em cada jornada com base na pontuação dessa modalidade. Além dos pontos habituais, quem marcar mais de cinco golos tem um ponto extra, se perder pela diferença máxima de dois golos, também tem um bónus de um ponto, vai ser a classificação do AMAGADINHO.

Para terminar, para equilibrar o campeonato, acho que era uma boa ideia que os seis últimos no final da 1ª volta, jogassem sempre em casa na segunda”.

“Pois, provavelmente as coisas ficavam mais equilibradas. Obrigado AMAGADINHO, até para a semana”.

“Um abraço Tio”.

Ele saiu da minha vista e eu fiquei a pensar se terá sido uma boa ideia convidá-lo.

Talvez tenha sido do nervosismo da estreia.

(3/10/2023) Não sei se deu azar, mas depois da conversa com eles, no sábado, sobre a vacina, comecei a ficar com muito calor. Resisti ao almoço, mas quando regressámos a casa a meio da tarde, fui direitinho para a cama, com um comprimido de paracetamol no bucho, sendo que depois de muitas horas de sono, quando acordei no domingo a situação estava normalizada.

Das cinco doses que já tomei, tinha estado com febre na segunda, mas esta reação foi bem mais simpática.

Já com o portátil ligado, chegou a hora da nossa conversa.

“Boa noite Tio”, saudaram eles na chegada ao monitor.

“Boa noite juventude. Tudo bem com vocês?”.

“Isso perguntamos nós. O que te aconteceu?”.

“Como souberam que eu estive em baixo?”.

“Porque lemos o teu blogue”, riu-se a RODINHAS, falando em nome dos três.

“Uma pequena reação à vacina do Covid, mas como não tive febre a situação ficou resolvida com um excesso de horas a dormir”:

“Às vezes também apetece uma solução dessas, mas não há tempo para isso”, brincou o OLHA.

“Já estás bom e isso é que importa. Estive aqui a vasculhar no Google e descobri que amanhã é o Dia Mundial do Animal”, afirmou o ALÉU.

“Pois é, já sabia”, confirmei eu. “Como estamos de bicharada pelas vossas casas?”.

“Eu gostava de ter um cão, mas os meus pais não querem um num apartamento”, lamentou-se a RODINHAS. “Tenho um canário, que canta que se farta e por isso chama-se Bono”.

“Bem original esse nome”, reconheceu o OLHA. “Eu tenho um coelho daqueles muito peludos, mas não o posso soltar muitas vezes da gaiola porque ele é especialista em roer fios, já me estragou dois carregadores do telemóvel”.

“Como é que ele se chama?”, perguntou o ALÉU.

“Jonas”.

“Mais um animal benfiquista, tal como o meu que se chama Eusébio, um buldogue francês, que faz muitos disparates”, concluiu ele com uma enorme gargalhada.

“Já percebi que os três gostam muito de animais. Os meus vocês já conhecem, Pablo e Pizzi, dois cães, Chiquinho, o canário”.

“Conhecemos sim, mas nós também sabemos que já tiveste mais animais”, afirmou a RODINHAS.

“As coisas que a juventude sabe. Verdade, já tive vários animais, sendo que os patudos foram quase os últimos a chegar. Já não me recordo do nome de todos, mas tive um hamster, uma porca-da-índia – a Carolina – que teve dois AVC´s, duas caturras, uma que comprámos em Santa Cruz, viveu quase 18 anos, sendo que teve nome de macho – já não sei qual – mas afinal mais tarde descobrimos que era uma fêmea, e a outra, a Rita, que já morreu em Viana do Alentejo. Também tive dois coelhos, um Bunny, já sei que vão dizer, que original o nome, também ele durou muitos anos e uma Rita – já perceberam que gosto muito deste nome – um periquito que andava pela casa toda e gostava especialmente da minha Mãe, e um pássaro muito colorido, acho que era um periquito australiano, chamava-se Horácio e fugiu por uma janela pouco tempo depois de o ter comprado. Ah, também tive um esquilo, era o Fly, muito arisco e também não viveu muito tempo”.

“Bolas Tio, tiveste um verdadeiro jardim zoológico”, exclamou o OLHA.

“Claro que não foram todos ao mesmo tempo, mas desde o periquito, que foi apanhado num barco em pleno Tejo, acho que sempre tive bichos. Gosto muito de animais e se tivesse mais espaço e dinheiro, ainda tinha mais. Bem deixemos a bicharada descansar, que hoje foi um excelente tema para o fora da caixa, e vamos ao trabalho. Já falei muito, pelo que começa um de vocês”.

“Posso ser eu”, avançou a RODINHAS. “Estive de olho na série A da Terceirona, sendo que num início de prova, todos estamos na expetativa do rendimento da cada equipa. Tivemos o único empate em Paços de Ferreira, cuja equipa principal se estreou este ano na Primeirona, apenas o Fão não conseguiu marcar, com a curiosidade de ninguém ter ganho em casa, com a equipa B do OC Barcelos a ser o primeiro líder”.

“Já na série B foi o CENAP que não conseguiu festejar o primeiro golo, duas formações venceram fora de portas – Mealhada e Académica B, mas o Termas que goleou em casa é o primeiro classificado, numa jornada sem empatas”, terminou o OLHA.

“Na série C a jornada ficou incompleta, mas nos seis jogos realizados, os madeirenses do Marítimo ficaram em branco, ninguém empatou, sendo que três equipas festejaram como visitantes e as outras três em casa, uma delas, Os Corujas, são os primeiros da tabela classificativa”, rematou o ALÉU. 

“Cabe-me a mim finalizar a 3ª divisão, com a série D. Também aqui tivemos um jogo adiado, não tivemos nenhuma igualdade e todas as equipas marcaram, só duas venceram em casa, sendo que das quatro que ganharam fora de portas, os açorianos do Marítimo são os primeiros líderes da prova”.

“A Terceirona este ano vai-nos dar muito trabalho”, brincou a RODINHAS.

“Concordo contigo, vai sim. Também acompanhei a Taça Continental, que com três equipas portuguesas, a probabilidade do caneco ficar por cá era de 75%. Como a matemática é uma ciência exata, ganhou o FC Porto que repetiu a vitória conseguida em 1986 – na altura derrotou a Sanjoanense – mantendo a hegemonia das equipas lusas que triunfam nesta Supertaça, de forma consecutiva, desde 2019. Por hoje estão encerradas as hostilidades, repleta de golos e bicharada. Até sábado juventude”.

“Adeus Tio, cá nos encontraremos”, despediram-se eles.

Hoje tive que puxar muito pela memória, quase que fiquei como o outro.

Extenuado!

A SACADA desta semana aconteceu no Casablanca, onde se encontraram as equipas B de Paço de Arcos e Grândola no arranque da Terceirona.

Dezasseis golos depois, o destaque vai para José Caldeira (10), guarda-redes da equipa da linha.

Trinta e sete anos depois o FC Porto venceu a Taça Continental, a antiga Supertaça europeia.

A vitória aconteceu no campo do adversário – Voltregà – com “Rafa” Costa a marcar o golo decisivo na final, levando para casa O VELHO desta semana.

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