(9/03/2024) Faz precisamente hoje um ano que cheguei a Cullera pela primeira vez, cinco dias antes do Francisco nascer numa missão de apoio à Cláudia.
Trezentos e sessenta e seis dias depois cá estou de novo à beira do Mediterrâneo neste município da Comunidade Valenciana com mais de 22000 habitantes, número que aumenta exponencialmente no verão, dado tratar-se duma zona de praia e longos areais.
Numa zona onde o valenciano, como língua prevalece sobre o castelhano, podemos dizer que o nome desta localidade balnear tem origem na palavra cuchara, ou seja, colher em português.
Por falar em outras línguas, foi há 524 anos que a armada de Pedro Álvares Cabral, a segunda frota enviada pelo rei D. Manuel à Índia, uma poderosa força naval constituída por 13 navios e mais de um milhar de homens, que partiu de Lisboa e atingiu a costa brasileira a 22 de abril.
Mais cedo que o habitual, a meu pedido, eles surgiram no monitor.
“Bom dia Tio”.
“Bom dia juventude”.
“Como correu a viagem até Valência?”, perguntou a RODINHAS.
“Atrasada, como é normal nos aviões, mas foi um voo tranquilo”.
“Porque nos reunimos mais cedo hoje?”, quis saber o OLHA.
“Primeiro, obrigado pela vossa disponibilidade, segundo, daqui a pouco vou até ao Mestalla com a Cláudia ver o jogo com o Getafe e que começa às duas da tarde”.
“Se eu me recordo, há um ano, também foste lá com o Rui”, recordou o ALÉU.
“Boa memória, foi a 11 de março e os valencianos ganharam (1-0) frente ao Osasuna, mas desta vez há uma novidade, pois vamos de comboio, até porque estamos na época de Las Fallas, uma festa típica da cidade de Valência, que faz com que ruas e praças sejam fechadas e haja menos lugares para estacionar”.
“O que são Las Fallas?”, questionou a RODINHAS.
“É uma festa celebrada no mês de março em homenagem a São José e para dar as boas vindas à primavera, as ruas da cidade ficam lotadas de turistas que a visitam para ver Las Fallas, um enorme conjunto de esculturas alegóricas gigantes que são incendiadas a 19 de março, uma espécie de carnaval em toda a Comunidade Valenciana”.
“Por coincidência calha no aniversário do Francisco, o que quer dizer que vai haver sempre festa por essa altura”, afirmou o OLHA.
“Verdade, mas agora deixemos os grandes bonecos com o destino traçado, para alinharmos o nosso Plano de Festas. Eu vou continuara olhar para os mais novos, pois já começou a apuramento dos sub-13 e sub-17, mas também vou olhar para a Liga dos Campeões feminina que vai ter a última jornada da fase de grupos, o OLHA vai ficar com a Terceirona, depois vamos ter o olhar sobre a Segundona, a RODINHAS segue até Viana do Castelo e o ALÉU viaja até Vila Franca de Xira, com os dois a trazerem um resumo das duas zonas. Todos de acordo?”.
“Sim!”, gritaram os três.
“Antes de nos despedirmos, hoje o almoço vai ser volante – por causa da bola – com umas belas sandoscas. Até terça-feira”.
“Adeus Tio, a continuação de uma boa estadia por aí”.
“Muito obrigado juventude”.
Tudo arrumado, está na hora de irmos até à estação ferroviária rumo a Valência.
A última vez que o vi – já lá vão uns anitos – fez uma enorme exibição em Grândola, comigo de microfone na mão, e hoje está no FORA DO BANCO.
Nome Completo: Ricardo Lima Piteira Costa
Clube atual: Hóquei Clube Patinagem de Grândola
Idade: 41 anos
Local de Nascimento: Oeiras
Prato preferido: Arroz de Cabidela da mãe
Melhor cidade para viver: Ainda me faltam experimentar muitas, mas a Vila de Grândola é muito boa
Livro que está na mesa de cabeceira: The Storyteller – Dave Grohl (Foo Fighters)
O filme que já viu mais do que uma vez: Triologia do Senhor dos Anéis
Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim. AD Oeiras, HC Sintra, Parede FC e HCP Grândola
Como/quando chegou a opção de ser treinador: Fui ajudando com treinos de guarda-redes e após deixar de jogar treinei benjamins e escolares, o que se revelou um grande desafio, sempre em Grândola. Depois fiz a parte final da época 21/22 com os sub-17 e sub-19 do HCP Grândola. Há cerca de 2 anos que sou adjunto do Nélson Mateus na equipa sénior do HCP Grândola
Clubes/seleções que já treinou: HCP Grândola
Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Muito pelo contrário! Também pensava que seria assim, mas treinar a formação é mais fácil do que seniores. O(a)s pequenino(a)s têm-nos como ídolos e querem mesmo aprender e não têm ainda os “vícios” que já tem um jogador feito
Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: É um trabalho semanal, que começa no final da jornada anterior e termina no dia do jogo
Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Ui…umas quantas. O jogar com o pé para mim não faz muito sentido, porque o hóquei não se joga com os pés, apesar de ter vindo facilitar as decisões dos árbitros. E todas as regras que limitam a segurança de um guarda-redes
Maior tristeza como treinador: O estado atual do hóquei em patins. A discrepância que existe a nível nacional, o hóquei a sul passa por imensas dificuldades para sobreviver e não há ajudas em nenhum sentido, nem quem faz as regras consegue/quer perceber essas realidades, muitas vezes de cariz demográfico e social.
A 3ª divisão tem 4 equipas das ilhas (duas da Madeira e duas do Açores) e estão todas concentradas nas duas zonas mais a sul, em vez de estarem divididas forma igual pelas 4 zonas. Isto implica um esforço sobre-humano de clubes sem grandes capacidades financeiras.
Os nossos campeões regionais não têm direito a apurarem-se diretamente para os nacionais, independentemente da qualidade que possam ter, merecem-no!
Os clubes de Lisboa, no nosso caso, continuam a vir buscar atletas e os clubes de formação não são ressarcidos de nada. A arbitragem continua a ser questionada e a ter imensos problemas, mas também não os vejo a fazer por melhorar e a serem humildes
E, claro, a maior alegria: A subida à 1ª Divisão e o título de campeão nacional da 2ª divisão com o HCP Grândola
Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: A falta de humildade e sobranceria de qualquer interveniente no jogo. Seja diretor, treinador, delegado, árbitro ou jogadores, se querem respeito devem dar-se ao respeito.
(11/03/2024) À segunda-feira é dia de falar com o AMAGADINHO, espreito pelo canto do olho e já o vejo a surgir no monitor.
“Boa noite Tio”.
“Boa noite miúdo. Vamos olhar para a jornada vinte?”.
“Sim, mas antes uma primeira pergunta”.
Bolas, ainda agora chegou.
“Venha ela”.
“As duas equipas mais realizadoras, FC Porto e Sporting, já ultrapassaram a centena de golos. Quantos marcaram?”.
“Essa sei, porque vi ontem, são 102 golos”.
“Já percebi que estás atento, tenho aqui mais uma, mas vou guardar para o fim. Esta jornada está coxa, pois vai ter um jogo na 4ª feira, foi mais uma ronda onde todos marcaram, a Oliveirense sofreu a segunda derrota consecutiva, viu o FC Porto chegar ao seu lado no topo da classificação, com os leões a um ponto, Sporting que teve um susto em Murches, parece que chegou atrasado ao jogo – perdia por 4-0 ao intervalo – mas a segunda metade foi suficiente para vencer, marcando por oito vezes nesse período. No apuramento para a fase a eliminar temos seis equipas apuradas e sete a lutar por dois lugares”.
“Quem vai levar a ALMOFADA desta semana?”.
“Esta semana vai para a Manhattan portuguesa”, brincou ele.
“Já vi que lês as Crónicas”.
“Sempre, de ponta a ponta. O jogo em causa decorreu na Póvoa de Varzim, com a branquinha a ir para casa do Vasco Reis (AA Espinho) que sofreu 3 golos. Avanço já para a minha meia-dúzia classificativa, o Carvalhos não dá hipóteses e lidera com 6 pontos, no 2º lugar está o Turquel (18), seguidos do Famalicense e Riba d’Ave (24), Murches e HC Braga (25). Vamos lá à última perguntinha de hoje, se há pouco falei nos melhores ataques, agora é altura de olhar para as melhores defesas, sendo que são três equipas que até agora sofreram 45 golos. Quais são?”.
“AMAGADINHO, hoje não me conseguiste surpreender, pois são a Oliveirense, FC Porto e Benfica”.
“Fartaste-te de estudar esta semana. Até segunda Tio”.
“Adeus miúdo”.
Yes, hoje fui eu que ganhei!
(12/03/2024) Existe um local onde já me habituei a ir com Rui, mais do que uma vez, quando venho a Cullera, um sítio bem divertido onde se bebe uma boa cerveja, sempre acompanhada por umas tapas bem saborosas, construídas com pequenos pedaços de baguete, coloridos com várias coisas boas, como anchovas, queijo de cabra, ovo cozido, atum, entre outros pitéus.
O El Muro é uma Cervecería situada no centro da cidade, perto do areal que espreita o Mediterrâneo, gerido com a simpatia do Rafa, um adepto ferrenho do Valência, mas que tem sempre uma palavra simpática para todos os adeptos, sejam eles do Real, Barcelona ou, até como eu, do Benfica.
Deixemos as cervejas fresquinhas e as tapas para outra oportunidade, pois os sinais são evidentes de que eles estão a chegar à minha vista.
“Boa noite Tio”.
“Boa noite juventude”.
“Como estão a correr as coisas por terras espanholas?”, perguntou a RODINHAS.
“Está tudo bem, o Francisco está um espetáculo, apesar de não gostar muito de dormir de noite, só o tempo não tem estado muito bom, mas ainda estamos no inverno”.
“Eu vi que tu e a Cláudia apanharam uma molha no sábado quando foram à bola”, riu-se o OLHA.
“Verdade, mas o Valência lá venceu, apesar do jogo ter sido fraquinho”.
“Mas tu dás sorte, foste lá duas vezes e eles venceram (1-0) das duas vezes, mesmo sem jogarem muito”, brincou o ALÉU.
“Se eles sabem que ganham sempre que tu lá vais, ainda te oferecem um cativo vitalício”, gozou a RODINHAS.
“Eu cá não me importo, desde que me paguem as viagens, pois vir morar para cá não está no meu horizonte”.
“E como estamos de caminhadas?”, quis saber o OLHA.
“Bem, ontem fui ao Castelo, uma subida bem dura, já hoje fui até à beira do areal, sendo que quero voltar ao Castelo, mas subindo pelo lado onde desci ontem”.
“Eu vi uma fotografia que tu colocaste, ele fica lá bem no alto”, revelou o ALÉU.
“Coloca alto nisso, porque a subida a pé é bem dura. O Castelo de Cullera é um magnífico monumento histórico que foi construído sobre as ruínas de um castelo mouro, remontando ao período do Califado no século X, estrategicamente construído para controlar o litoral e o estuário do rio Júcar. Ao longo dos séculos, o castelo testemunhou inúmeros acontecimentos históricos e sofreu diversas transformações, tornando-se um destino cativante para os entusiastas da história, albergando atualmente o Museu Municipal de História e Arqueologia, ilustrando a história e arqueologia locais”.
“Deve ter uma vista fabulosa lá de cima”, afirmou a RODINHAS.
“Verdadeiramente espetacular, até nos esquecemos que as pernas nos doem depois de lá chegarmos. Vamos lá deixar a fortaleza sossegada no alto da montanha e dediquemo-nos ao hóquei em patins. Quem quer começar?”.
“Esta noite posso ser eu”, atreveu-se o OLHA. “Na série A da Terceirona tivemos um jogo entre os dois primeiros, com o líder Limianos a solidificar o seu lugar, na série B os três primeiros venceram e está tudo na mesma, com o OH Sports na 1ª posição, situação idêntica na série C onde a malta do Tojal está na frente, já na série D, para não variar, os três primeiros também ganharam, com o Marítimo de Ponta Delgada a ser o comandante mais destacado das quatro séries, com 10 pontos de vantagem”, terminou ele.
“Muito bem, vou ficar para o fim, pelo que agora vamos à Segundona, começando pelas senhoras”, brinquei eu.
“Ah, muito obrigado! Eu estive na Princesa do Lima, um jogo só com três golos – o AMAGADINHO não ia gostar – os dois primeiros para os vianenses, com a malta da terra do vidro a marcar já perto do fim. No restante da jornada nesta zona norte, a Sanjoanense sofreu em Valença, por duas vezes esteve a perder por dois golos, mas três de rajada, já na segunda metade deram-lhe a vitória, mantendo os quatro de avanço para os de Viana do Castelo e com uma partida em atraso”, finalizou a RODINHAS.
“Então agora é a minha vez”, começou o ALÉU. “Montanha russa de emoções no José Mário Cerejo, os ribatejanos marcaram primeiro, ao intervalo o jogo já estava empatado, a malta da casa voltou à frente do marcador, mas os picoenses marcaram por três vezes, já na segunda metade da etapa final e resolveram o jogo, apesar dos vilafranquenses ainda terem reduzido a desvantagem perto do fim, com os açorianos a manterem-se na frente da corrida à Primeirona. Nesta jornada o Alenquer perdeu dois pontos no Monte Santos, a Biblioteca espalhou-se em Oeiras, com as duas formações praticamente afastadas do elevador da subida, onde se mantêm duas equipas da linha, Parede e Paço de Arcos”.
“Chegou a minha vez de encerrar esta semana de trabalho, com más notícias da Liga dos Campeões feminina, onde o Benfica tinha que vencer, na Luz, o Patín Fraga, conseguiu marcar primeiro, no reatamento as espanholas marcaram por duas vezes, as encarnadas empataram ainda com dezasseis minutos pela frente, mas não se festejou mais nenhum golo até ao fim e terminou a prova para a equipa portuguesa. No apuramento dos sub-13 e sub-17 para o Nacional, nos mais novos, seguem em frente OC Barcelos, Infante de Sagres, Sanjoanense, SC Tomar, Vasco da Gama e Fabril, enquanto nos mais velhos a festa fez-se em Paços de Ferreira, Barcelos, Tomar, Mealhada, Oeiras e Sintra, sendo que barcelenses e nabantinos tiveram uma alegria a dobrar. Bem vamos às despedidas para irmos descansar”.
“Claro que sim Tio, até porque aí já é quarta-feira”, brincou a RODINHAS.
“Pois é, mais uma hora em território espanhol, aqui já passámos a meia-noite, mas no sábado já estamos todos no mesmo fuso. Grande abraço e até lá”.
“Adeus Tio, boa viagem de regresso a Oriola”, desejaram os três em simultâneo e em alta voz.
Eles saíram rapidamente da minha vista, por aqui já toda a gente descansa, Francisco incluído, e eu vou dormir, pois amanhã vou subir de novo ao Castelo.
Esta SACADA continua muito irrequieta.
Há um mês, pela primeira vez, distingui dois guarda-redes, mas hoje vou saudar quatro defensores das redes.
Já falei hoje aqui nesse jogo, pois em Sintra tivemos um empate e quatorze golos festejados, destaque para Rodrigo Teixeira (7) e os alenquerenses João Seixas (6) e Tomás Ventura (1).
Também em Sesimbra a pretinha acertou no alvo por quatorze vezes, com realce para André Lucas (10) e Santiago Santos (1), o duo de guarda-redes do CP Beja.
Na primeira volta a Oliveirense foi ao Dragão golear o FC Porto com cinco golos sem resposta, mas desta vez desforram-se em Oliveira de Azeméis, não com números tão violentos, mas três pontos, são sempre três pontos.
Gonçalo Alves marcou o golo decisivo, com o internacional português a ficar com O VELHO desta semana.