(6/01/2024) Meia dúzia, inflacionada, de dias depois, estamos de regresso, já num renomeado ano que se chama 2024.
Sem querer copiar os chineses, porque não fazemos como a Porto Editora e elegemos um nome para cada ano, mas para o que aí vem?
A editora portuguesa começou em 2009 a eleger a palavra do Ano – a primeira foi esmiuçar – que em 2023 foi professor, certamente em homenagem ao Pedro Jorge Cabral. Porque não darmos nomes aos Anos, mas escolhidos antes dele começarem?
Parece difícil, mas com a riqueza que a nossa língua tem, não deve ser muito complicado. Deixando os números de lado, 2024, por exemplo, podia-se chamar Asdrúbal, sendo que durante uma década a letra A seria a inspiração para as opções de escolha.
Dois meses antes do final do ano, uns senhores engravatados juntavam-se, reuniam durante muitas horas e proponham dez nomes para o ano seguinte. A malta votava na internet e estava escolhido o nome para 2025, pois este, para mim, já está.
Tendo a consciência de que por aqui o Asdrúbal não começou muito bem, pois uma gripe importada de Alverca teletransportou-se de 2023 para ele, incluindo no pacote um problema intestinal para o Pablo.
Mas já passaram meia-dúzia de dias e as coisas estão a ganhar caminho, com eles a chegarem, como sempre, à hora combinada.
“Bom dia Tio, BOM ANO NOVO”, berraram eles.
“Muito obrigado juventude, vamos ter um grande Asdrúbal!”.
Segundos de silêncio.
“Um grande quê?”, perguntou a RODINHAS.
“Asdrúbal… agora não tenho tempo para vos explicar, depois vocês leem a Crónica desta semana e dão-me a vossa opinião na próxima semana”.
No monitor vi a cara de espanto deles. Entreolharam-se, ficando no ar a dúvida se eu estaria no meu perfeito juízo.
“Como correram as festas?”.
“Tudo em grande Tio”, confirmou o ALÉU.
“E as prendas que pedimos chegaram todas, claro que com o teu alto patrocínio”, riu-se muito o OLHA.
“Confesso, que à semelhança do ano anterior, fiz apenas uma pequenina pressão juntos dos vossos progenitores. Mas fico muito contente que tudo tenha corrido de forma perfeita”.
“Pequena pressão!? Parece que lhes ligavas todos os dias”, gozou a RODINHAS.
“Que exagero! Bem, o Natal e o 2023 já foram, está na altura de voltarmos ao trabalho, mas antes vou enviar-vos um cheque-brinde para cada um de vocês comprar um livro”.
De novo um longo silêncio.
“Mas já nos deste uma prenda, juntamente com as do Pai Natal”, brincou o ALÉU.
“Mas hoje é Dia de Reis, pelo que achei por bem dar-vos mais uma lembrança”.
“Vocês sabem que em Espanha só abrem as prendas hoje?”, perguntou o OLHA.
“Pois é, eles festejam o Natal a 25 de dezembro, mas depois as lembranças ficam ali a aboborar, que aborrecimento!”, afirmou a RODINHAS com uma gargalhada.
“Tudo por culpa dos Reis Magos. Segundo reza a história, Baltazar, Belchior e Gaspar partiram do Oriente para visitar o Menino Jesus, seguiram uma estrela e só chegaram na noite de 5 para 6 de janeiro. Mas em alguns locais, em território espanhol, parece que já abrem prendas no Natal e nos Reis”.
“Ora aí está uma excelente ideia que podiam importar para cá”, afirmou o ALÉU com uma grande gargalhada.
“Não queriam mais nada! Bem, chega de paródia e vamos ao trabalho, olhando para a agenda deste fim de semana. Eu vou acompanhar o jogo do líder da Primeirona no João Rocha, enquanto que o AMAGADINHO na segunda-feira faz o balanço desta última jornada da 1ª volta, o OLHA vai espreitar a Segundona, com especial atenção à deslocação do Sanjoanense à Marinha Grande e do Parede à Vila Morena, a RODINHAS vai olhar para a Terceirona, enquanto que o ALÉU vai seguir a prova de apuramento para o grupo 1 da Feminona. Todos de acordo?”.
“Tudo bem Tio. Mudou o ano, mas queremos saber à mesma o que vai ser o almoço hoje?”, perguntou o OLHA.
“Eu sabia que vocês nunca se esquecem, mas hoje não vou estar na cozinha, sendo que do Camponês vem um coelho à Caçador, sempre com duas cabeças, pois a Sandra sabe que os dois gostamos muito desta parte do bicho. Grande abraço e até terça-feira”, despedi-me eu.
“Adeus Tio”.
Eu saí para ir buscar o almoço, mas eles continuaram ligados.
“Alguém percebeu aquela história do Asdrúbal?”, questionou a RODINHAS.
“Não entendi nada!”, afirmou o ALÉU.
“Será que ele não está bom da cabeça!?”, questionou o OLHA.
“Vamos ter que esperar para perceber tudo na quarta-feira, pois ele não quis adiantar mais nada”, reforçou ela.
Passou por aqui em outubro, sem patins, repete a presença neste arranque de ano no FORA DO RINQUE.
Já agora fiquem a saber que Morgenstern foi um saltador de esqui austríaco, com uma cara patusca como ele, apesar do feirense não gostar de cinema.
Nome Completo: Rui Pedro Cardoso Santos
Clube atual: CA Feira
Alcunha (se tiver): Morgenstern
Idade: 25 anos
Local de Nascimento: Santa Maria da Feira
Clube estrangeiro futebol: Barcelona
Jogador português futebol: Cristiano Ronaldo
Jogador estrangeiro futebol: Lionel Messi
Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Thomas Morgenstern
Prato: Francesinha
Sobremesa: Baba de camelo
Bebida: Sumo
Filme: Não tenho
Ator: Não tenho
Atriz: Não tenho
Série televisiva: Friends
Livro: A Culpa é das Estrelas
Cidade portuguesa: Porto
Cidade estrangeira: Barcelona
Animais de estimação: Cão
Jogo de computador/consola: FM
Hobbies: Canyoning, desportos radicais
Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Padel
Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Final-4 do Nacional sub-17 pela AD Sanjoanense.
(8/01/2024) Na nossa última conversa com o AMAGADINHO, deixei-lhe um desafio para 2024: passar a tratar-me por tu.
Daqui a segundos ele vai chegar ao meu monitor e estou curioso para ver se ele vai conseguir.
“Boa noite Tio, um Bom Ano para ti!”.
Ora aí está a resposta à minha dúvida.
“Muito obrigado, igualmente para ti e para toda a tua Família. Estou muito contente por teres conseguido materializar esta resolução para 2024”.
“Não foi fácil, mas estive a treinar durante estas duas semanas para não me fugir a cabeça para o você”, riu-se ele.
“Antes de fazeres o balanço desta jornada treze, a última da primeira metade, consegues-me dizer quantas equipas já têm garantida, teoricamente, a presença na fase a eliminar?”.
“Já percebi que este ano queres perguntar tu primeiro”, brincou ele. “Na minha opinião as seis primeiras, mantendo esta qualidade, estão praticamente confirmadas, para depois termos uma luta a seis pelas duas restantes vagas. Sobre esta jornada, para começar o ano, quem jogou em casa venceu, o que ainda não tinha acontecido esta época, pela quarta vez uma equipa chegou aos dois dígitos de golos, sendo que os quatro da frente venceram e consolidaram a sua posição”.
“Uma jornada bem interessante”.
“Sem dúvida. Sabes de quem foi o primeiro golo em 2024?”.
“Eu preparei-me para essa questão. O primeiro jogo a começar foi no pavilhão João Rocha, o Sporting venceu e acho que foi o João Souto a inaugurar o marcador”.
“E achas muito bem! Ainda tenho outra questão para ti, mas antes vamos à minha meia-dúzia. O Carvalhos não larga a liderança (3 pontos), no 2º lugar o Riba d’Ave (10), terceira posição para o Turquel (12), seguidos do Pacense (14), Famalicense (15) e no sexto lugar o HC Braga (17)”.
“E para quem vai a ALMOFADA esta semana?”.
“Vamos ter um guarda-redes a bisar, o que significa que já não leva mais nenhuma. No Dragão Arena o Pacense até esteve a vencer a meio da primeira metade, mas a distinção vai para o Gabi Costa que só sofreu um golo. Vamos lá à minha última pergunta, quantos empates houve nesta primeira volta?”.
“Bolas, tu e os empates. Não sei… vou arriscar vinte resultados que terminaram com um ponto para cada equipa”.
“Não foi mau Tio, foram vinte e dois. Até para a semana”, despediu-se ele com um sorriso triunfante.
“Até para a semana AMAGADINHO”.
Este miúdo ainda gosta mais de ganhar do que eu.
(9/01/2024) Talvez por aqui se falar de hóquei em patins, além de estarmos no início de um ciclo anual, recordei-me do primeiro contacto com a modalidade, que foi definitivo para eu não saber patinar.
Algures em 1997, levávamos o Ricardo a uma iniciação na patinagem, num pavilhão em Alverca, situação que decorria ao sábado e domingo.
No segundo fim de semana ele já dava os primeiros passos, sem cair, altura em que eu me atrevi a calçar uns patins. Do lado fora do rinque, apoiado na vedação, tentei dar as primeiras patinadelas, sendo que rapidamente juntei o rabo ao chão uma dezena de vezes, acabando aí a minha experiência de quatro rodas em cada pé.
Felizmente que nem todos desistem tão facilmente, senão estava muito gente sem poder praticar um desporto tão belo.
“Boa noite Tio. Estás bem disposto?”, conferiu a RODINHAS.
“Boa noite. Estava aqui a recordar mentalmente a minha tentativa de aprender a patinar”.
“Daí a tua cara de riso quando apareceste no monitor”, confirmou o OLHA.
“Ainda devia estar a recordar-me daqueles momentos para os apanhados. Está tudo bem convosco?”.
“Tudo bem, Tio”, garantiu o ALÉU.
“Vocês sabem que hoje é o Dia do Fico?”.
“Bolas, estás estranho neste início de ano”, exclamou a RODINHAS. “Sábado era o Asdrúbal, hoje é o Fico!?”.
“Calma miúda, não fiques nervosa, eu vou explicar. Há 201 anos ocorreu um momento histórico para o Brasil. Naquela época Portugal estava sob a ocupação francesa, o rei D. João VI tinha regressado de terras de Vera Cruz a Portugal, deixando seu filho, D. Pedro I, como príncipe regente no Brasil. As Cortes Constitucionais portuguesas enviaram ordens para que D. Pedro retornasse a Portugal, mas ele recusou-se e proclamou uma famosa frase: Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico. Foi um passo significativo rumo à independência do Brasil, pois a 7 de setembro de 1822, apenas alguns meses após o Dia do Fico, D. Pedro I proclamou a independência do Brasil”.
“Caraças Tio, tu sabes muito da história de Portugal!”, exclamou o OLHA.
“Nunca tinha ouvido falar nesse Ficotão importante”, garantiu o ALÉU.
“Nem eu Tio”, desabafou a RODINHAS. “Pensei que estavas a ficar com algum problema nesta entrada de ano”, riu-se ela, com sorriso tranquilizador.
“Posso vir a ficar amalucado, mas para já parece que ainda não. Dia do Fica ultrapassado e explicado, vamos lá ao trabalho desta primeira Crónica no ano do Asdrúbal”.
Eles voltaram a olhar-se, mas mantiveram-se em silêncio.
“Hoje começo eu, que estive atento à receção do Sporting ao OC Barcelos, jogo da última jornada da primeira volta, uma partida que eu esperava fosse mais equilibrada, apesar de só se terem marcado uma meia-dúzia de golos. Os leões dominaram a primeira metade, onde marcaram por duas vezes, a meio da segunda os minhotos conseguiram responder com o seu primeiro golo, mas a resposta do da casa surgiu com duas sticadas certeiras, de rajada, arrumando as possíveis dúvidas sobre o vencedor. Quem quer continuar?”.
“Vamos a isso”, avançou o OLHA. “A Segundona está mais atrasada – jogou-se a jornada onze – e estive no pavilhão da Embra onde a Sanjoanense teve que suar para bater os vidreiros, que chegaram ao intervalo a vencer, mas os pupilos do Rei Ventura foram muito fortes na segunda metade e venceram, à semelhança dos seus perseguidores na classificação. Na zona Sul fui até à Vila Morena onde o Parede marcou o único golo da primeira parte, a meio do segundo tempo a malta de Grândola ainda conseguiu igualar, mas a rapaziada da linha estava determinada e venceu a partida. Nesta zona o Benfica B sofreu a primeira derrota da época, enquanto que os vermelhos de Alenquer sofreram derrota pesada no Casablanca”.
“Esta Segundona vai ter uma luta intensa pela subida, com cinco/seis equipas, a Norte e Sul, a lutarem por esse desiderato, recordando que os bês da Luz não podem subir. Parece-me uma boa altura para irmos até à prova de apuramento para o grupo um da Feminona”.
“Tivemos três jogos concentrados no pavilhão da Ventosa do Bairro, concelho da Mealhada, onde se procuravam encontrar as duas equipas que vão ter o privilégio de discutir o título nacional. Posso dizer que, sem surpresa, Tojal e Sanjoanense conseguiram o apuramento, com o Infante de Sagres a saltar para o grupo 2, neste minicampeonato onde as miúdas do concelho de Loures venceram os dois jogos”, concluiu o ALÉU.
“Só falto eu, que estive com os olhos nas quatro séries da Terceirona, o que não é fácil”, riu-se a RODINHAS. “Vou começar pela série A onde o Limianos sofreu na difícil deslocação a Marco de Canavezes, mantendo o primeiro lugar, na B temos uma grande salganhada, com três equipas empatadas no topo, mais a sul saltamos para a C, onde Tojal e Alenquer B partilham o 1º lugar, enquanto que na série D os açorianos do Marítimo ameaçam cedo o regresso à Segundona. Deixa-me só dar um destaque a esta equipa de São Miguel e à malta de São Julião do Tojal, que são as duas únicas equipas que ainda não perderam nas provas oficiais esta temporada”.
“Um feito, sem dúvida, sendo que no próximo fim de semana temos Taça de Portugal e elas estão lá na luta”.
“Antes de nos despedirmos, queres-nos dar uma pista sobre o Asdrúbal?”.
“Vocês vão ler isso amanhã e para a semana falamos. Beijos e abraços”.
“Adeus Tio, até sábado”, despediram-se o três.
Não sei se foi de propósito, mas os deuses do aléu quiseram que esta fosse a melhor forma de começar 2024, com uma SACADA que se espalhou por dois pavilhões.
Com o denominador comum de uma dúzia de golos, os destaques vão Afonso Costa (HC Sintra B) que sofreu 10 golos em Alenquer, a que se associa Miguel Parreira (Fabril) que foi batido 7 vezes em Ponta Delgada, num pavilhão onde já fui muito feliz.
Em Paredes tivemos uma vitória da equipa local frente aos estudantes, num jogo da Segundona.
Até aqui nada de anormal, não fosse o facto de Bruno Dinis, número oito da equipa da casa, ter marcado seis golos – dos sete da sua formação – com este grande pormenor de nenhum ter sido de bola parada.
Para o Bruno segue O VELHO, o primeiro de 2024.