Bis Sextum 2024


Não sei se já me queixei por aqui – se me vou repetir, peço desculpa – mas nos dias de hoje não termos acesso à internet por fibra ótica, dá-me cabo da paciência e mói o juízo a qualquer um.

Numa altura em que cada vez mais pessoas trabalham à distância, situação alavancada pela pandemia, ter que usar satélite ou ADSL, torna-se numa aventura de tirar a paciência a um santo.

A velocidade desta coisa, que nos tortura, segue com a rapidez de um caracol, mede-se em Mbps (megabit por segundo), também conhecido por Mega, sendo que a operadora diz que o serviço é até 40 Mbps, mas raramente atinge metade dessa oferta.

Para quem não está por dentro destes assuntos, para terem uma ideia, há pouco tempo estive em casa do Ricardo, onde ele tem fibra e os valores rondavam os 600 Mbps.

Talvez seja por isso que quase todos os dias, passe o exagero, vou alterando o que posso, mudando cabos, colocando uma antena no router, usando um segundo como amplificador de sinal, utilizando um cabo Ethernet, em vez de Wi-Fi, enfim, tudo o que é possível fazer perante estas dificuldades técnicas.

O mais curioso é que sempre que mudo qualquer coisa, parece que tudo fica muito melhor, o sorriso alegra-me o dia, mas minutos depois lá chega a desilusão: “Bolas, ainda está pior!”.

Enquanto a fibra não chega a Oriola, vou mantendo a boa disposição, porque o mau feitio não faz aumentar os Megas, nem paga impostos.

Olhei para o relógio, faltava pouco tempo para eles chegarem.

Com a pontualidade habitual surgiram eles: “Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude. Está tudo bem convosco?”.

“Tudo impecável”.

“Antes que me eu esqueça, como já aconteceu…”, esbocei um grande sorriso, “… temos que analisar a hora da nossa primeira reunião na próxima semana. Eu vou ao Pico fazer a narração para a Rádio Voz de Alenquer, o voo está previsto aterrar nos Açores perto das 11 horas do Continente, pelo que pode ficar apertado. O que acham se anteciparmos para sexta-feira, quando já estarei em Alverca?”.

“Para nós está tudo bem, não há problema”, sublinharam os três.

“Boa, fica combinado”.

“Tio, disseram-me que é o último relato que vais fazer para essa rádio. É verdade?”, questionou a RODINHAS.

“Sim, vai ser o último. Parece complicado para quem está fora da minha realidade, mas preciso de tempo para fazer uma das coisas que mais gosto, que é ler, sendo que nos últimos tempos não o tenho conseguido fazer. Tenho pena, pois a narração em rádio é das coisas que mais gosto de fazer, mas foi uma decisão ponderada”.

“Definitivamente?”, perguntou o ALÉU.

“Para já sim, mas não gosto de utilizar essa forma… definitiva, logo se verá. Bem, vamos avançar. Como tem sido habitual nas últimas semanas, vamos guardar o fora da caixa para amanhã, para irmos até à 3ª jornada da Liga dos Campeões, sendo que se eu não estou errado, esta semana o OLHA é o porta-voz”.

“Isso é brilhante Tio, que bela memória”, assentiu ele.

“Não exageres, eu fiz um ficheiro de Excel para registar a vossa rotatividade”, ri-me eu com vontade.

“Essa foi boa, quase que me enganavas. Sobre esta ronda, digamos que as melhores expetativas saíram goradas. No único duelo entre equipas portuguesas os encarnados venceram em Oliveira de Azeméis, o FC Porto conseguiu a primeira vitória, depois de dois empates, igualdade que aconteceu em Valongo, mas a surpresa veio do João Rocha e de Barcelos, com duas derrotas inesperadas, que não comprometem o apuramento, mas complicam as contas. No final da 1ª`volta, ninguém está fora da final a oito, mas os minhotos são a formação com a tarefa mais complicada”, terminou ele.

“Não foi uma quinta-feira bem conseguida, mas ainda há tempo para arrepiar caminho. Relativamente à nossa escala para esta semana, eu fico com a Terceirona, a RODINHAS vai olhar para a Primeirona, enquanto que os rapazes vão patinar na Segundona”. Alguma dúvida”.

“Tudo confirmado e até terça-feira”, e lá saíram eles, muito rapidamente, para irem almoçar.

Por aqui a Princesa fez um excelente arroz de frango no forno.

A miúda – quase a chegar aos cinquenta e dois – está cada vez melhor!

Aplica-se num bom churrasco, enquanto prepara o próximo jogo da sua equipa, além disso ainda está no FORA DO BANCO desta semana.

Nome Completo: Fábio Emanuel Gonçalves Barqueiro

Clube atual: Biblioteca IR

Idade: 31 anos

Local de Nascimento: Leiria

Prato preferido: Grelhados

Melhor cidade para viver: Vilamoura

Livro que está na mesa de cabeceira: Cabeça fria, coração quente, Abel Ferreira

O filme que já viu mais do que uma vez: Sou mais de séries

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): BIR, APAC Tojal e UD Vilafranquense

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Começou em 2009, cativando atletas para o BIR

Clubes/seleções que já treinou: Os mesmos em que joguei

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Formação, sem dúvida, mas muito menos desafiante

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Cerca de dois de trabalho, análise do adversário, criação dos conteúdos para apresentar (fichas técnicas e vídeos) planeamento e periodização do trabalho físico e do trabalho na pista

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Não respondeu

Maior tristeza como treinador: Eliminação da Taça de Portugal, pelo HC Braga, esta época

E, claro, a maior alegria: Eliminar a Sanjoanense (primodivisionário) na época passada

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Atletas que se perdem em confrontos verbais e/ou físicos, e árbitros que tenham dualidade de critérios.

Uma reunião a 28 de fevereiro leva-nos para falarmos sobre este mês, o mais pequeno do ano, que também serve para equilibrar as contas do nosso calendário.

Aprendemos isto na escola, mas muitos de nós já não nos lembramos porque raio temos um dia 29 em fevereiro de vez em quanto.

Achei engraçado este tema e guardei-o para falarmos hoje.

Estes últimos dias têm sido bem frios, principalmente quando o sol desaparece e a temperatura baixa significativamente, uma característica desta zona do País, com uma grande amplitude térmica.

Estive a ver como vai estar o tempo no Pico, no próximo fim de semana, sendo que temos previsão de chuva, mas por lá essas essas diferenças são bem mais pequenas, podendo ter uma máxima de 18 graus e uma mínima de 13, por exemplo.

Enquanto refletia sobre estes assuntos interessantes, fazia o meu esquema mental para pensar o que levar para os três dias e pouco que vou estar fora da aldeia, que tipo de mochila, uma ou duas, coisas para resolver mais tarde.

“Boa noite Tio”, gritaram os três, quando surgiram repentinamente no Zoom.

“Boa noite juventude. Vocês um dia destes matam-me do coração!”.

“Já sei, o Tio estava numa profunda reflexão…”, gozou o OLHA.

“Acartaste, estava mentalmente a preparar a estratégia de arrumação para a minha deslocação açoriana, porque evito levar algo no porão, mas para isso é preciso aproveitar bem o espaço disponível. Disso podemos falar na 6ª feira, para já sou eu que vou lançar o fora da caixa de hoje. Vocês sabem porque é que que fevereiro tem mais um dia de quatro em quatro anos?”.

“Que boa pergunta”, afirmou a RODINHAS. “Na escola aprendemos isso, penso que tem a ver com a rotação da Terra”.

“Isso mesmo, a miúda sabe. Quando foi adotado o calendário gregoriano, inspirado no movimento de rotação da Terra, uma volta do nosso planeta em torno do seu eixo equivale a 24 horas, já uma volta completa da Terra em torno do Sol equivale a um ano, mas demora 365 dias, 48 minutos e 46 segundos”.

“Isso é que é precisão e já me estou a recordar do final dessa história”, brincou o ALÉU.

“Espera. Recordas-te do que resolveram fazer às quase 6 horas que sobravam?”.

“Fácil, acrescentaram um dia de quatro em quatro anos”.

“Brilhante. Mas porquê em fevereiro?”.

“Eh pá, já não me lembro o motivo”, afirmou o OLHA.

“Foi o imperador romano Júlio César que trouxe a ideia para o Ocidente, importou um astrónomo, o grego Sósígenes, mas este não sabia em que parte do ano colocar as 24 horas excedentes, mas César ordenou-lhe que fosse “o dia sexto antes das calendas de março”, sendo que em latim era “bis sextum ante diem calendas martii”, ficando fevereiro com mais um dia de quatro em quatro anos”.

“Boa, já percebi porque é que esses anos se chamam de bissextos, vem do latim de “bis sextum”, exclamou a RODINHAS.

“Exatamente, a palavra deriva daí”.

“As coisas que aprendemos contigo”, confirmou o ALÉU. “Ano bissexto que acontece em 2024”.

“Exatamente, mas eu tenho uma dúvida. Quem nasce a 29 de fevereiro, nos anos que não são bissextos, festeja o aniversário em que dia?”, perguntou o OLHA.

“Como eu acho que não devemos deitar os foguetes antes da festa, penso que festejam no primeiro dia de março”.

“Tem lógica, concordo”, confirmou a RODINHAS.

“Está na hora de irmos ao trabalho. Esta semana vou começar eu que viajei até à terra do leitão, de que eu tanto gosto. Foi um jogo muito quente, sendo que o Sobreira, a única equipa das três divisões que só tinha vitórias, viu-se a perder por três a zero, já no início da segunda parte. Encheram-se de brios, conseguiram empatar a partida, mas conseguiram mais, marcando mesmo nos suspiros finais, mantendo-se como a única equipa que só sabe ganhar, por uma questão de poucos segundos. Muita emoção e agora chega a vez do OLHA”.

“Eu estive a espreitar a Zona Norte, com especial atenção ao jogo no pavilhão do Carvalhos, duas equipas a lutarem pelo lugar de play-off, isto porque a subida está quase garantida pela Juventude Pacense. Tivemos uma partida onde todos os oito golos surgiram na 1ª parte, numa vantagem que esteve dos dois lados, mas no fim apenas um ponto para os da casa e outro para a rapaziada da Póvoa de Varzim. Nesta luta que falei há pouco, Sanjoanense, Cambra e Académica juntam-se as estes dois, num duelo a cinco que promete estender-se até ao fim do campeonato”.

“Agora é a minha vez”, avançou o OLHA. “Também eu estive na Segundona, mas a Sul. Aqui o equilíbrio é maior, mas os dois da frente vão consolidando a sua posição, com Alenquer, Biblioteca e Oeiras a não desistirem. No Monte Santos tivemos jogo até ao fim, mas a rapaziada da Madalena conseguiu três pontos importantes, não perdendo de vista a malta de Turquel que bateu os bês do Benfica. RODINHAS agora és tu”.

“Hoje calhou-me a mim terminar a nossa ronda, estive no Dr. Salvador Machado, um jogo entre candidatos, que teve apenas dois golos, um madrugador para os da casa, com os visitantes a empatarem a meio da segunda metade. Ainda tive tempo para olhar para o que se passou em Barcelos, com um nulo ao intervalo, mas dez golos na segunda parte, uma espécie de ketchup do Ronaldo, mostrando que os campeões nacionais estão a atravessar um período complicado. Estava aqui a olhar para a classificação, estamos a sete jornadas de fechar a fase regular, o Benfica praticamente garantiu o 1º lugar, os outros seis lugares estão garantidos, sendo que a luta pelo oitavo lugar está ao rubro”.

“Está sim. Na metade de baixo está, quase, tudo por decidir. Rapaziada, não se esqueçam que para a semana reunimos na sexta à noite”.

“Antes do Benfica, certo Tio?”.

“Claro, que pergunta! Beijinhos e abraços, e até lá”.

“Adeus Tio”, despediram-se eles, evaporando-se do monitor.

Como terminámos um bocadinho mais cedo, vou aproveitar para preparar a minha deslocação ao Pico.

Na casa do Infante de Sagres, histórico da nossa modalidade, surgiu a SACADA desta semana.

Dezoito golos, com os jovens de Oliveira de Azeméis a marcarem dezasseis, com destaque para os guarda-redes da casa, David Carvalho (7) e Frederico Dias (9).

Como já referi lá mais cima, o Sobreira, equipa da 3ª Divisão – Zona B, é a única equipa que venceu todos os jogos do campeonato.

No domingo a coisa esteve complicada, João Coelho saltou do banco para marcar a dois segundos do fim.

Para ele vai O VELHO desta semana.

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