Camisola Sem Amor


Como falei há semanas, um dos motivos para as Crónicas surgirem só uma vez por semana, foi não só dar mais tempo à juventude para estudar, mas para eu ficar com mais tempo para ler.

Há meses que ando a tentar acabar Uma Terra Prometida, o primeiro volume das memórias presidenciais de Barack Obama, mas não está fácil.

Verdade que são quase 800 páginas de letras pequeninas, mas o tempo disponível não é muito.

Parece um paradoxo, pois muitos de vocês dirão: “Um reformado sem tempo, que palermice”, mas a realidade é que estou sempre a arranjar lenha para me queimar, como explica um dos muitos ditados da nossa rica língua portuguesa.

Tocou o telemóvel.

Era a senhora do oculista, pedindo-me para ir a Viana do Alentejo resolver uma pequena questão burocrática.

Pensei que era para ir buscar os óculos, pois as novas lentes progressivas tinham um pequeno problema, mas eles ainda não regressaram.

Olhando para o passado, recordo-me do tempo em que tinha uma miopia brutal, que me obrigava a usar óculos para jogar futebol, mas uma operação em 1999 resolveu a zero o problema, para agora conseguir fazer a minha vida normal sem recurso aos vidrinhos, – alcunha que um colega de trabalho me colocou – apesar de precisar do apoio deles.

Olhei para o relógio, percebi que dava tempo para beber um café, ir lá antes da nossa reunião, sendo que fui e vim, bem dentro do horário previamente combinado.

Liguei o portátil e aguardei pela chegada deles.

“Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude. Está tudo bem com vocês?”.

“Tudo em grande”, exclamou a RODINHAS, enquanto eles acenavam afirmativamente.

“Então quem é quer lançar um assunto fora da caixa?”.

“Posso ser eu”, adiantou-se o OLHA. “Tio, eu gostava de falar deste mercado de transferências no futebol. Só sou seu que acho erradas estas movimentações a meio do ano?”.

“Eu também não percebo. Então e aquelas que acontecem, no início da temporada, com os campeonatos já a decorrerem?”, questionou o ALÉU e lançou a confusão.

“Vamos lá falar de uma coisa de cada vez”, pediu A RODINHAS. “São duas situações idênticas em alturas diferentes, sendo que eu não concordo com nenhuma”.

“Bem, vamos lá colocar ordem no assunto”, mediei eu. “Já percebi que ninguém acha bem e eu estou totalmente de acordo. Aliás eu vou mais longe. Os plantéis eram formados até ao início das provas, não podendo haver movimentações durante a temporada”.

“Mas Tio, isso era muito radical”, exclamou o OLHA.

“Nos dias de hoje, todas as equipas têm uma equipa B e escalões de formação, que seriam o recurso em caso de lesões, por exemplo”.

“Mas se um jogador se lesionar gravemente, não era possível ir buscar um a outro clube?”, perguntou o ALÉU.

“Então o que ficava sem ele, depois não podia comprar nenhum?”, questionou de forma argumentativa a RODINHAS.

“Tudo isto depende da questão financeira e o tempo do amor à camisola já passou. Os jogadores querem ganhar mais, os empresários só ganham se os atletas forem transferidos, os clubes só ganham se tiverem bons jogadores. Como se diz à boa maneira portuguesa, é uma pescadinha de rabo na boca”.

“Verdade Tio, mas concordo contigo. Se todos os intervenientes soubessem que durante uma temporada, aquele era o plantel, talvez não tomassem decisões em cima do joelho”, afirmou o OLHA.

“Totalmente de acordo. Este tema dava pano para mangas, mas agora está na hora de distribuirmos tarefas para este fim de semana”.

“E esta semana não é por WhatsApp”, ironizou o ALÉU.

“Verdade, hoje não me esqueci”, afirmação sublinhada com três enormes gargalhadas. “Esta semana vai ser assim, a RODINHAS fica com a Primeirona, eu com a Liga Europeia feminina, o OLHA com Terceirona e o ALÉU espreita a Segundona. Todos de acordo?”.

“Claro que sim Tio. Só uma pergunta antes das despedidas. O que é o almoço hoje?”, quis saber o OLHA.

“Hoje vamos comer um choco frito, diretamente do Camponês”.

“Xi Tio, gosto tanto”, babou-se a RODINHAS.

“Mais uma sugestão para a nossa próxima visita”, informou o ALÉU. “Até terça-feira”, com eles a saírem do monitor em grande velocidade e com água na boca.

Até eu já estou, pois desde do meio da semana que andava à espera deste petisco típico de Setúbal.

Este vem daqui ao lado.

Hoje no FORA DO RINQUE temos um jovem amarantino que tem muito bom gosto, pois gosta da Scarlett… como o Tio.

Nome Completo: Luís Francisco Pinheiro Canito de Oliveira Cláudio

Clube atual: Hóquei Clube do Marco

Alcunha (se tiver): Não tenho

Idade: 21 anos

Local de Nascimento: Amarante

Clube estrangeiro futebol: Barcelona FC

Jogador português futebol: Cristiano Ronaldo

Jogador estrangeiro futebol: Lionel Messi

Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Ignacio Alabart

Prato: Francesinha

Sobremesa: Fruta

Bebida: Água

Filme: Black Panther

Ator: Chadwick Boseman

Atriz: Scarlett Johansson

Série televisiva: Peaky Blinders

Livro: Origin of Species

Cidade portuguesa: Porto

Cidade estrangeira: Barcelona

Animais de estimação: Papagaio

Jogo de computador/consola: Counter-Strike: Global Offensive

Hobbies: Fotografia, campismo, caminhada

Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Futsal

Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Quando fui campeão nacional.

Depois de muitos dias com temperaturas baixas, a previsão para hoje trazia chuva, com o termómetro a ser mais simpático, no que à parte inferior do mercúrio diz respeito.

Não tenho nada contra a pluviosidade, sei que ela faz falta, mas se fizéssemos um referendo, uma maioria absoluta mostrava-lhe a noite para trabalhar.

Eu votava, como sempre o fiz desde que a maioridade me atingiu, mas acho que seria em branco, pois a chuva que venha quando ela quiser, mas gostava de dar um grande cartão vermelho a todos aqueles, responsáveis mundiais, quem acham que as alterações climáticas são uma ficção de meia-dúzia de ambientalistas, amigos do asno-selvagem-africano e do tigre-de-bengala.

Enquanto esperava pela hora da reunião, recordei-me que na reflexão anterior, escrevi uma inverdade.

Nas eleições presidenciais, em janeiro de 2001, eu e a Princesa fomos até à ilha da Madeira, numa altura em que o voto antecipado ainda era uma miragem, aproveitando um dos poucos prémios que ganhei num dos muitos concursos em que participei até aos dias de hoje, pelo que foi a única vez que não exercermos este direito cívico.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite juventude. Quando vocês chegaram, eu estava aqui a matutar em eleições. Vocês já votaram alguma vez?”.

“Sim, nós os três já votámos”, esclareceu o OLHA.

“Acho que já nos tinhas perguntado isto”, riu-se o ALÉU.

“Se calhar, desculpem, a memória vai diminuindo com a idade”.

“Tio, até eu que sou a mais nova já votei”, exclamou a RODINHAS.

“Muito bem, vamos lá ao nosso trabalho semanal. Hoje começas tu, só por seres a mais jovem”, brinquei eu.

“Boa, vamos lá a isto. A minha atenção focou-se no Dragão Arena onde tivemos uma partida entre vizinhos, com a curiosidade do treinador dos forasteiros ter sido um dos melhores guarda-redes, de sempre, dos locais, enquanto que o seu filho defendeu a baliza da sua equipa. Foi um jogo muito equilibrado, os azuis-e-brancos não perderam o controlo da situação, mas os valonguenses conseguiram levar até ao fim a incerteza no resultado. Na Primeirona, que recordo tem play-off, do 8º lugar para baixo existe uma dupla luta, entre a permanência e a chegada a um lugar feliz”.

“Boa miúda, gostei. Vou avançar eu que estive de olho na Liga dos Campeões feminina. Jogo na Luz, com as pupilas de Paulo Almeida – no dia de aniversário do seu treinador – a oferecerem-lhe uma vitória robusta, frente à equipa espanhola. O Feira, a outra equipa portuguesa na prova, não jogou este fim de semana, as vizinhas do seu grupo empataram, sendo que se vencer os dois jogos que faltam consegue o apuramento, mas não vai ser nada fácil”.

“Viste bem isso Tio? Não te enganaste como eu a semana passada?”, brincou a RODINHAS.

“Vi sim. Duas vitórias e estão nos oitavos de final. Quem se segue?”.

“Agora entro eu ao serviço. Na Segundona, rumei a Norte, pavilhão do Carvalhos, para perceber se a única equipa que ainda não tinha perdido, neste nível, conseguia manter a invencibilidade. Treze golos, um grande jogo, duas formações a quererem ganhar até ao fim, com uma vitória que chegou ao soar da buzina, a festa foi feita em casa, mas os pacenses continuam a olhar para baixo na classificação”, concluiu o ALÉU.

“Só falto eu, que estive na Terceirona. Acompanhei um encontro entre equipas alentejanas, também ele de desfecho incerto, mas que ficou esclarecido nos dez minutos finais, com os de Grândola a manterem-se sem saber o que é perder, sendo que os de Santiago fizeram tudo para lhes tirar essa alegria”, finalizou o OLHA.

“Boa malta, excelentes análises. Para a semana há mais, sábado voltamos a falar”.

“Adeus Tio”, saíram eles em passo de corrida.

Desliguei o portátil, mas antes de ir dormir ainda vi o Porquinho Mealheiro de hoje.

Viajamos até à Maia para descobrirmos a SACADA desta semana.

Por lá marcaram-se dezoito golos, com destaque para Vasco Alves (6) e Sandro Silva (8), os dois guarda-redes do ADJ Vila-Praia, coletividade da terra de Quim Barreiros.  

Como já referi há oito dias, a atribuição do VELHO é um momento, tão difícil na escolha, como muito importante deste espaço.

Na maioria dos casos, quem está de pontaria afinada, inscreve-se para ver o seu nome ser aqui consagrado.

Quando andei a picar os jogos do fim de semana, logo encontrei dois jogadores que marcaram seis golos!

E agora, como vou fazer uma escolha justa?

Valeu-me o José Barreto (OH Sports) que acertou por sete vezes na baliza, fora de casa e nenhum de bola parada.

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