Com a temporada a chegar ao fim, também estas Crónicas vão brevemente entrar de férias.
Enquanto esperava pelos miúdos, olhava para o calendário, confirmando as datas que tínhamos combinado no domingo. Este fim de semana mantém-se o esquema habitual – sábado e domingo – mas depois vou espetar os pés na areia, pelo que vamos fazer mais duas nos derradeiros domingos de junho.
Fechei a agenda e comecei a ouvi-los.
“Bom dia Tio”, saudaram os três.
“Bom dia juventude. Vamos lá à primeira das quatro Crónicas que faltam esta época. Alguém tem algum assunto fora da caixa?”.
“Eu gostava de falar daquilo que aconteceu no Texas”, pediu a RODINHAS com um ar triste. “Qual é a explicação para uma coisa daquelas?”.
“O problema é venderem armas de forma indiscriminada”, criticou o ALÉU.
“Mas os Pais também têm que estar atentos ao comportamento dos filhos. A Mãe do atirador afirmou que ele tinha poucos amigos, faltava muitas vezes à Escola e passava dias e dias inteiros fechado no quarto”, argumentou o OLHA.
“Tudo isso que vocês disseram é verdade. Na minha opinião temos dois problemas. A forma como foi construída a história deste país, assente numa Guerra Civil Norte-Sul onde todos tinham armas, argumento que os republicanos ainda sustentam para a venda sem controlo, apesar de os democratas terem tentado encontrar medidas restritivas, mas nunca aprovadas. Depois há o lado económico, pois o negócio das armas é um dos mais fortes nos Estados Unidos, sendo público que este lóbi entrega milhões de dólares em doações ao partido de Donald Trump”, conclui.
“Esse não era o antigo presidente?”, questionou a RODINHAS.
“Era sim”.
“Se eu percebi bem, esses não querem restrições para não perderem os donativos”, afirmou o ALÉU.
“Eu acho é que eles também devem receber algum por baixo da …”, começou o OLHA.
“Calma”, interrompi eu. “Não temos provas disso. Só podemos falar do que é conhecido. Uma coisa tenho a certeza. Num país onde uma pessoa só pode comprar tabaco aos 21 anos, ser possível aos dezoito adquirir armas e munições sem qualquer problema não é admissível”.
“Isso é uma estupidez!”, gritou a RODINHAS.
“Claro que é. Vamos esperar que seja desta vez que isto seja alterado. Logo cada um de nós vai trazer um jogo que observou durante o dia”.
“Podemos fazer a nossa reunião da noite mais tarde do que habitual?”, perguntou o ALÉU.
“Claro, todos queremos ver a final da Liga dos Campeões”, confirmei eu, com um grande sorriso.
Rapidamente saíram da sala a cantar o hino da Champions, na versão do Vasco Palmeirim.
Hoje no GPS estamos na minha área de residência, no Alentejo, mais concretamente no distrito de Beja.
Lá vamos encontrar o Sport Clube Mineiro Aljustrelense, coletividade que fez 89 anos na passada 4ª feira.
Partindo de Lisboa demora um pouco mais de uma hora e meia para chegar à vila de Aljustrel, concelho que nos últimos dez anos perdeu 4,1% da sua população, tendo no final de 2021 perto de 8900 habitantes.
Chegada a altura de aconchegar o estômago, aconselho uma visita ao Restaurante Mirante, onde junto à Praça de Touros a Lina e a restante equipa o vão mimar.
No PALPITE DO TIO do domingo passado acertei no vencedor, com o Benfica a derrotar o Valongo, com mais dois golos que o meu prognóstico. Já em relação aos marcadores, só Carlos Nicolía faturou, errei no Facundo que marcou, portanto foi um palpite de média pontaria.
Para amanhã o PALPITE DO TIO vai até um jogo de sub-19 entre o Sporting de Tomar e o Valongo, onde vou palpitar na vitória (6-4) dos nabantinos, com golos de Francisco Beirante, João Pedro Inácio, Martim Leite e Vítor Oliveira.
Tinha acabado de me sentar, quando comecei a ouvir uma grande barulheira ao fundo do corredor.
“Desculpa lá, foi uma grande injustiça”, argumentava o OLHA.
“Não jogaram nada e ganharam. Como é possível?”, gritava o ALÉU.
“Quem marca é o melhor”, ria-se a RODINHAS. “Boa noite Tio”.
“Boa noite juventude. Vocês parece que vêm zangados”.
“O Tio viu o jogo? Se não fosse o guarda-redes levavam três ou quatro”, barafustava o ALÉU.
“Então, mas é proibido ter guarda-redes? Ele faz parte da equipa ou não?”.
“Mas o Liverpool jogou melhor e merecia ter ganho”, tentava contrapor o OLHA.
“O melhor é quem ganha. Bem, vamos encerrar este capítulo da Liga dos Campeões e vamos lá aos jogos de hoje. Vou começar eu que estive a observar o play-off espanhol, onde no primeiro jogo das meias-finais tivemos surpresa. O superfavorito Barça perdeu em casa, pois os dois golos dos jogadores portugueses não foram suficientes para ultrapassar o Reus de Gelmà e Julià, coisas do acento grave no a”.
“Essa foi boa Tio”, riu-se o OLHA. “Bem eu estive a acompanhar também a 1ª mão das meias-finais do play-off, mas por cá. Um jogo com uma dúzia de golos no Dragão, sendo que dois terços deles foram de bola parada, aquela expressão que utilizamos quando os festejos se seguem a um penalty ou a um livre direto. Seis cartões azuis para jogadores, vinte e nove faltas, mais uma mão cheia de advertências, caso para dizer que tivemos um jogo quentinho e os apitos a chegarem cansados ao final do jogo, até diria com a pequena bolinha de cortiça a escaldar”.
“Pudera, com tanta apitadela! Quem é que se segue?”.
“Agora sou eu”, avançou a RODINHAS. “Estive a ver as meninas de Gulpilhares e as de Póvoa do Paço, as duas equipas a quererem entrar nos quartos de final do Nacional. Grande emoção, também tivemos alguns cartões, prolongamento e um golo de livre direto – no tempo extra – da Francisca Martins que carimbou o encontro do CENAP com o Sporting”.
“Só falto eu”, explicou o ALÉU. “Eu escolhi espreitar a final do campeonato suíço. Descobri que o Diessbach tem dois jogadores portugueses, o Carlos Silva e o Rui Ribeiro. Perguntei ao Tio e ele explicou-me que são dois jogadores muito experientes que passaram muitos anos pelo campeonato português. Este é o segundo jogo da final, que se joga à melhor de cinco jogos. A equipa destes lusos tinha ganho em Genève, mas agora perderam em casa. Caso para dizer que por lá não gostam de vencer em casa”.
“Pois talvez seja. Por hoje está fechado o expediente. Amanhã voltamos a encontrar-nos. Até amanhã”.
“Até amanhã Tio”, gritaram os três já a caminho da porta de saída, com a RODINHAS a gozar com os rapazes por causa da Liga dos Campeões.
Nasceu no arranque de 2000, gosta de ler como eu e está no FORA DO RINQUE de hoje.
Nome Completo: Dora Beatriz Reis Martins
Clube atual: Associação Desportiva Sanjoanense
Alcunha (se tiver): Não tenho
Idade: 22 anos
Local de Nascimento: São João da Madeira
Clube estrangeiro futebol: Barcelona
Jogador português futebol: Pepe (defesa central do FC Porto)
Jogador estrangeiro futebol: Neymar
Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Serena Williams
Prato: Esparguete à Carbonara
Sobremesa: Salada de frutas
Bebida: Sumo de maracujá
Filme: O Livro da Vida
Ator: Tom Hiddleston
Atriz: Jennifer Lawrence
Série televisiva: Harrow
Livro: Call me by your name deAndré Aciman
Cidade portuguesa: Porto
Cidade estrangeira: Paris
Animais de estimação: Cão
Jogo de computador/consola: Mário Kart ou Mário Galaxy
Hobbies: Ler, natação e passear
Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Natação
Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Final entre Portugal e Espanha (masculino) em Oliveira de Azeméis 2016.
Já não sei quantos vezes é que ele passou por este espaço, pois apesar de ser um cidadão organizado, não fiz um Excel para isto.
Mas quando um jogador marca sete golos num jogo, todos na transformação de lances penalizadores para o adversário, há maneira de não lhe dar este destaque?
Gonçalo Alves (FC Porto) fica com O VELHO deste sábado.