Namoro na Rádio


O sábado para um reformado, não é igual para alguém que ainda está na vida ativa.

Até parece uma parvoíce, mas em termos práticos, os dois dias de descanso, são fundamentais para quem precisa de recarregar as baterias para um novo ciclo de cinco dias de trabalho que se avizinha.

Recordo na minha meninice de o meu Pai trabalhar ao sábado, só da parte da manhã – a chamada semana inglesa – que só começou em Portugal em 1968, depois de uma jornada de seis dias, oito horas por jornada, que foi implementada por cá em 1919.

Só em 1996 foram consagradas as 40 horas de trabalho, e implementando o fim de semana com dois dias completos.

Agora já se vai falando na possibilidade de uma semana laboral com quatro dias, provavelmente, construída em cima do trabalho à distância que veio para ficar, já utilizado em alguns países europeus e alavancado pela pandemia do Covid.

Hoje levantei-me cedo, à hora em que vou caminhar nos dias úteis, para ir à Vidigueira – vila que fica a 20 minutos de Oriola – resolver um pequeno problema visual.

“Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude”.

“O Tio está diferente”, exclamou a RODINHAS.

“Hoje tenho óculos, que a semana passada estavam a ser atualizados”.

“Mas esses não são os mesmos”, afirmou o OLHA.

“Atento o miúdo”, ri-me eu com gosto. “Sim, tens razão, trata-se de uma armação nova”.

“A sério?”, questionou o ALÉU. “A mim pareciam-me os mesmos”.

“Verdade, mas a diferença não é muito grande. O formato é igual, apenas a cor é diferente”.

“Ok, já percebi, cores não é a minha praia”.

“Malta, vamos lá a isto. Quem esteve atento aos jogos da Liga dos Campeões na 5ª feira passada?”.

“Tio, nós vimos os jogos todos, depois compilámos toda a informação recolhida e a RODINHAS vai ser a nossa porta-voz nesta 2ª jornada”, explicou o OLHA.

“Vão fazer sempre assim?”.

“Se estiveres de acordo, sim, sendo que vamos mudando a cada ronda quem resume o que aconteceu”.

“Parece-me uma excelente ideia. Vamos lá a isso”.

“Não foi uma jornada má para as seis equipas portuguesas, com duas vitórias, três empates e apenas uma derrota. Vou começar por aí, com o Valongo a perder em casa frente ao Barcelona, mas só mesmo no final os espanhóis confirmaram o favoritismo. O grupo D foi o mais feliz para as nossas equipas, com duas vitórias sem discussão, enquanto que no A, tivemos duas igualdades saborosas, dado que foram conquistadas em Espanha. Para fim guardei o último empate nacional, do FC Porto, mas perfeitamente anormal no hóquei em patins. Um empate a zero em Sant Sadurni d’Anoia, com três livres diretos desperdiçados num dia em que os guarda-redes estiveram intransponíveis. Com quatro jornadas por realizar, a esperança de termos todas as equipas lusas nas decisões finais mantêm-se intacta”, concluiu a RODINHAS.

“Bom resumo miúda. Proponho guardarmos o fora da caixa para amanhã e avançarmos para a divisão do nosso trabalho. O que acham?”.

“Totalmente de acordo, até porque já não vai para cedo”, brincou o ALÉU.

“Então eu fico com o jogo do HC Braga na Liga Europa, a RODINHAS vai olhar para a Segundona, o ALÉU fica com a Primeirona, enquanto que o OLHA fica com uma partida da prova feminina. O que acham?”.

“Um espetáculo!”, exclamaram os três enquanto se despediam com beijinhos à distância.

Hoje eles não perguntaram o que era o almoço, mas se eu vos disser que vou buscar, ao Camponês, um bacalhau gratinado com espinafres, vocês vão ficar com água na boca.

Hoje no FORA DO BANCO temos um Sagitariano – como eu – que também se chama Jorge, como o autor destas Crónicas.

Nome Completo: Jorge Miguel Carta Coelho

Clube atual: Grupo Desportivo de Sesimbra

Idade: 38 anos

Local de Nascimento: Lisboa

Prato preferido: Bacalhau com natas

Melhor cidade para viver: Londres

Livro que está na mesa de cabeceira: Não tenho

O filme que já viu mais do que uma vez: Goll (vivendo um sonho)

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim. Juventude Azeitonense, Sport London e Benfica e Sesimbra

Como/quando chegou a opção de ser treinador: O clube precisava de treinadores e eu gostava de treinar e tirei o curso em 2015

Clubes/seleções que já treinou: Sesimbra e Associação Patinagem de Setúbal

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Acho que as duas têm a sua dificuldade e a sua especificidade

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Preparo semana após semana, assim que acaba um jogo começo logo a preparar o outro

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Não mudaria regras, mas sim os vários critérios que há na mesma regra

Maior tristeza como treinador: Foi ser despedido por telefone

E, claro, a maior alegria: É ver o crescimento semanalmente dos meus atletas

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Quando vejo que tudo fazem para a minha equipa perder

Quando no sábado, ao entardecer do dia, olhei para o calendário desta semana, percebi que a nossa reunião final era a 14 de fevereiro, Dia dos Namorados, sendo que eu já tinha agendado o nosso habitual jantar no Camponês, onde eu e a Princesa vamos pela terceira vez.

Com a nossa primeira conversa já resolvida, lá recorri ao nosso grupo de WhatsApp – é para isso que ele também serve – para reagendarmos o encerramento da nossa Crónica.

Eles ainda não se tinham apercebido, mas rapidamente concordaram e alterámos para segunda-feira o nosso encontro, não sem antes me darem um recado: “Tio, estás a ficar muito esquecido!”, sublinhado pelos três.

Sorri, concordando, não tanto por causa de ser sexagenário, mas sobretudo pela minha falha na organização.

Com a temperatura a subir, principalmente a mínima, quando eles chegaram ao meu portátil estava-se muito bem por aqui, no meu escritório do alpendre, apesar do relógio já ter ultrapassado as nove e meia da noite.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite juventude. Começo por vos pedir desculpa pelo erro de planeamento, mas só reparei tarde de mais”.

“Foi bem a tempo, pois se não fosse a tua mensagem a RODINHAS esquecia-se da prenda para o namorado”, explicou o OLHA com uma enorme gargalhada.

“Não é verdade Tio, eu não me tinha esquecido, não tinha era arranjado tempo para a comprar”, respondeu ela, meio zangada.

“Sim, sim, bem podes agradecer ao Tio, senão chegavas ao jantar com o TRAVÃO e ele tinha um miminho para ti e tu não”, gozou o ALÉU.

“Eu conheço esse jovem?”, perguntei eu.

“Acho que não Tio, é um colega meu da Faculdade. Tenho tentado que ele colabore connosco nas Crónicas, mas ainda não o convenci”, explicou ela.

“O Amor é lindo”, cantarolava o OLHA.

“Cala-te com isso”, colocando a sua expressão aborrecida.

“Bem, calma pessoal, não se vão zangar por causa disso. Vamos lá ao fora da caixa”.

“Nem a propósito Tio. Estive a ler no teu blogue que hoje é o Dia Mundial da Rádio, sendo que isso marcou a tua vida. Queres explicar-nos como isso aconteceu?”, perguntou a RODINHAS, mudando o seu visual de irritada para curiosa.

“Já explico, mas uma pergunta para o coletivo. Quem é que ouve rádio de vocês?”.

“Todos”, confirmou o OLHA. “Entre nós ouvimos a Comercial, Antena 1 e TSF”.

“Parecem-me excelentes escolhas, antenas bem-dispostas e de muita qualidade. Indo à questão que a RODINHAS me colocou, eu conheci a Princesa na Rádio 2000, em Alverca, numa altura em que estávamos numa formação. A rádio não sobreviveu à legalização, mas a nossa relação já leva quase 34 anos”.

“Com a Princesa, mas também com as ondas do éter”, lançou o ALÉU.

“Verdade. Depois da 2000, chegou a Ateneu – onde também estive com a Célia – a Íris de Samora Correia e, atualmente, a Voz de Alenquer, ao todo 37 anos, com algumas breves pausas”.

“Isso é muito ano!”, exclamou o OLHA.

“Espero que a explicação tenho sido esclarecedora, até porque agora vamos ao nosso querido hóquei em patins. Hoje – primeiro as senhoras – começa a RODINHAS.

“Obrigado Tio”, agradeceu ela, recuperando a sua habitual boa disposição. “Eu estive com o foco num confronto entre Mãe e Filho”.

“Espera lá, explica isso melhor”, pediu o OLHA.

“Calma, já lá ia. Acompanhei o Sport Lisboa e Benfica, a casa-mãe, frente à 17ª filial da equipa encarnada, o Sport Alenquer e Benfica, neste caso a sua equipa B, jogo no Pavilhão da Luz. Foi um jogo quase inacreditável, com os da casa a chegarem ao intervalo com três golos de vantagem, mas o descanso fez muito bem aos visitantes que deram a volta ao resultado, não sem antes apanharem um susto em cima do buzinão final”.

“Pois foi. Vamos ao próximo, que sou eu. Na Liga Europa desta nossa modalidade, os minhotos traziam um golo de vantagem de Espanha, conseguido no último minuto, numa eliminatória muito equilibrada, com a curiosidade do resultado ter sido o mesmo nas duas mãos e favorável à equipa portuguesa, que nos quartos de final vai encontrar mais uma formação espanhola, neste caso o Igualada”.

“Dois jogos muito nervosos”, confirmou o OLHA. “Vamos lá à minha parte, eu que também estive na Luz. Por lá jogavam as duas equipas que ainda não perderam nesta segunda fase do Nacional, com a curiosidade das meninas da Aldeia do Hóquei serem as únicas que tinham conseguido roubar pontos às encarnadas esta temporada. Elas até começaram melhor, marcaram primeiro, mas as benfiquistas superiorizam-se de forma clara e continuam invictas na prova”.

“Posso estar enganado, mas podemos ter essas duas equipas no play-off decisivo, apesar de ainda faltar muito jogo. Para terminarmos, só falta o ALÉU”.

“E vamos acabar com um grande jogo, que se realizou em Oliveira de Azeméis. A vida não está a correr muito bem aos azuis-e-brancos, que desde de 2018 não perdiam com este adversário, mas por vezes isto acontece. Depois de um zero a zero na Liga dos Campeões, a equipa entrou a ganhar, deixou-se ultrapassar quase de seguida, sendo que nunca mais passou para a frente, deixando fugir a igualdade com um livre direto disperdiçdos nuns últimos segundos incandescentes, capazes de darem cabo do coração a qualquer um”, terminou ele com uma grande gargalhada.

“Podes crer, que stress. Vamos às despedidas, com os desejos de um bom Dia dos Namorados para todos”.

“Só para a RODINHAS, que nós não temos”, brincou o OLHA.

“Outra vez? Deixem-me sossegada…”.

“E não te esqueças da prenda para o TRAVÃO…”, gritou o ALÉU.

Enquanto eles continuavam a trocar galhardetes, eu carreguei naquela tecla que resolve muitos problemas.

Aliás, quando não sabemos o que fazer, vamos a ela – off – e à sua amiga – on – uma conjugação que resulta quase sempre.

Até se diz que é a melhor ajuda dos informáticos.

Foi na terra da fraternidade, como escreveu Zeca Afonso na imortal Grândola Vila Morena, que ocorreu a SACADA desta semana.

Dezoito golos distribuídos de forma desequilibrada, com destaque para os defensores das redes, Pedro Furtado (15) e Manuel Magalhães (2), eles que viajaram da ilha de São Miguel.

Como escrevi há uma semana, esta é a parte mais complicada das Crónicas.

O critério que tenho utilizado – em 99% dos casos – de distinguir os jogadores(as) que acertam mais vezes na baliza, vai elevando cada mais vezes a escala.

Hoje, se a minha memória não me atraiçoa, vou oferecer pela segunda vez duas distinções, que seguem para atletas que tem alcunhas bem engraçadas: Marega e Tanaka.

O VELHO segue em duplicado para casa da Inês Ferreira (Sanjoanense) e do José Bernardo (Grândola), eles que conseguiram uma manita cada um.

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