Parabéns aos Noivos


A Crónica de hoje começa há 29 anos.

Aliás, se eu for mais rigoroso, ela começa há trinta e quatro quando eu vi pela primeira vez a Célia.

Foi tudo muito rápido e oito meses depois estávamos os dois numa de mesa e cama comum. 

Só em 1993 se proporcionou o casamento, num belo sábado de sol, onde tudo correu bem, com o dia a terminar com a contagem das notas que nos deram como prenda e a procura dos cd’s que tinham sido espalhados – enquanto estávamos a dar o nó – pelos quatro cantos da casa por uma brigada de amigos(as).

Esta não é uma data que festejemos com grande intensidade, até porque a nossa relação já tinha nesta data mil seiscentos e setenta e nove dias.

Enquanto ligava o portátil, pensava que este assunto não seria conversa daqui a pouco, mas, pelo sim, pelo não, estava preparado para alguma pergunta mais embaraçadora.

Minutos depois eles surgiram no ecrã.

“Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude”.

“Hoje estás de parabéns, certo?”, questionou a RODINHAS.

Acho que até corei. “Então porquê?”, tentei eu enviar a pergunta para canto.

“Escusas de disfarçar, nós sabemos que hoje fazes anos de casado. E escusas de perguntar como soubemos que nós prometemos que não divulgávamos a fonte”, concluiu o OLHA, rindo a bom rir.

“Ok, é verdade. Hoje faço anos de casado com a Princesa, pois como vocês também sabem, aliás, já percebi que vocês sabem tudo, eu já tinha casado uma vez anteriormente”.

“Com a Mãe da Cláudia”, confirmou o ALÉU. “Sim, já nos tinhas contado”.

“Mas também sabemos mais coisas”, afirmou a RODINHAS, com um sorriso maroto.

“O que vem lá agora?”.

“Sabemos que te esqueceste dos teus filhos no dia do casamento”, exclamou ela.

“Não foi bem isso, eu explico. Com aquela azáfama das fotografias, não nos lembrámos de tirar só uma fotografia só os quatro, mas eles aparecem por lá em várias. O que é que vocês sabem mais sobre esse dia?”.

“Que vendeste a liga da Célia”, afirmou o OLHA, enquanto chorava a rir.

“Também é verdade, acho que a vossa fonte esteve no casamento. Era um hábito dessa altura, mas como não havia nenhum leiloeiro disponível, fiz eu essa tarefa”.

“Além de que casaste, das duas vezes, no mesmo Restaurante”, gritou a RODINHAS em delírio.

“Verdade. Nem percebo qual é a admiração. Se a noiva não se importou e local era bom… siga”, exclamei eu, juntando-me ao coro de risota que se espalhava pelas colunas do portátil.

“Bom, já chega de conversa, até porque tenho que ir buscar o almoço ao Camponês”.

“O que é hoje o almoço?”, perguntou o ALÉU.

“Dobrada com feijão branco. Hoje fazemos dois jogos da 1ª divisão, um feminino e um da Terceirona, sendo que eu vou acompanhar um dos jogos desta tarde no João Rocha. Estão de acordo?”.

“Tudo bem Tio. Só para te dizer que não gosto de dobrada”, explicou a RODINHAS.

“Não sabes o que é bom! Até logo juventude, falamos depois de terminar no Catar a meia-final da noite”.

Não sei se eles ouviram a parte final da minha comunicação, tal a velocidade como desapareceram do monitor.

O GPS deste domingo leva-nos até ao Ribatejo para conhecermos o Hóquei Clube “Os Tigres”, coletividade fundado no ano em que eu nasci, no extraordinário 1959.

A cidade de Almeirim, onde se situa o clube, é sede de concelho, tendo quatro freguesias, uma com o mesmo nome, Benfica do Ribatejo, Fazendas de Almeirim e Raposa, sendo limitado pelos municípios de Alpiarça, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos, Cartaxo e Santarém, capital do distrito.

Muitos deslocam-se propositadamente a Almeirim para degustarem a sopa da pedra, sendo que a cidade fica a 93 quilómetros de Lisboa e a duzentos e cinquenta e oito do Porto.

Existem por lá excelentes restaurantes, mas vou sugerir um que conheço pessoalmente, O Forno, que fica no Largo da Praça de Touros.

Estava aqui a ler o GPS de hoje e não me importava nada de ter comido hoje uma sopa da pedra, apesar da dobrada da Sandra – a cozinheira do Camponês – estar soberba.

A tarde correu rápida, alerta amarelo para sul do país, com perigo de inundações, mas até agora… nada!

Talvez a chuva esteja a fazer-me a vontade, como eu costumo dizer, se ela faz falta, que chova de noite.

Já a Princesa clamava que estava frio e que ia acender o fogareiro, quando me sentei em frente ao portátil, com um olho no burro e outro no cigano, ou seja, a tentar ver mais que uma coisa ao mesmo tempo, o que não é difícil com a parafernália de ecrãs que me rodeiam.

Vi o meu jogo, os oitavos do Mundial, mais dois do hóquei e quando me preparava para comer a sopa que fiz depois de almoço, recebi uma notícia terrível.

Alexandre Acsensi, jogador de 29 anos da equipa espanhola do CH Caldes faleceu hoje, vítima de um acidente de viação.

Estava eu a refletir sobre este desaparecimento, impressionado com uma partida tão prematura, quando percebi que eles já estavam, aos quadradinhos, no meu monitor.

“Tio, já estamos aqui, boa noite”, alertou o OLHA.

“Boa noite juventude. Desculpem, mas ainda estava aqui a digerir uma notícia que recebi há pouco”.

“Já sei do que estás a falar…”, avançou a RODINHAS, “… a morte daquele jovem hoquista espanhol”.

“Nem mais, foi isso mesmo. Ainda ontem tinha ajudado a sua equipa a vencer no rinque do Sant Cugat”.

“A vida é por vezes muito ingrata, agora só nos resta desejar que o Alexandre descanse em paz”, declarou o ALÉU com uma lágrima a escorrer-lhe pelo rosto.

Fizemos, sem combinarmos, uns segundos em silêncio e eu avancei.

“Vamos lá a isto, a vida tem que continuar. Querem falar já dos jogos de hoje do Mundial, no fora da caixa?”.

“Pode ser Tio. Nem há muito para dizer, pois os favoritos venceram claramente, tremeram um bocadinho no primeiro terço dos jogos, mas passaram sem discussão e vamos ter um jogo entre as seleções do canal da Mancha, França e Inglaterra”, argumentou o OLHA.

“Pois é, vamos lá ver quem vai passar no túnel para chatear os do outro lado”, brinquei eu. “Bola arrumada no armário até ao próximo sábado, vamos lá pegar no stique. Pelo que já percebi começa a RODINHAS”.

“Exatamente Tio. As miúdas jogaram à hora de almoço no João Rocha, chegaram da Aldeia do Hóquei e dominaram o jogo. As gémeas Lopes conhecem bem aquele pavilhão, sendo que agora que estão do outro lado da barricada foram decisivas, com a ajuda preciosa da Leonor Coelho, ela que fez parte do 5 ideal do Inter-Regiões feminino – escolhido pelos selecionadores – realizado este ano em Sesimbra”.

“Está forte a equipa de Nélson Lourenço. Para não sairmos do mesmo pavilhão, vou avançar eu. Eu estive por lá, mas três horas depois. A expetativa era perceber se os minhotos conseguiam manter a invencibilidade, depois de terem empatado no Dragão e vencido o Benfica em casa. Não consigo fugir a um chavão da análise desportiva, pois o jogo teve duas partes distintas. O Barcelos entrou muito forte, chegou ao intervalo com dois golos de vantagem, mas na segunda parte não conseguiu marcar e sofreu por três vezes. Conclusão, já não há equipas sem derrotas na 1ª divisão, sendo que os vizinhos da Segunda Circular estão empatadinhos no topo da tabela”, conclui.

“Antes que perguntes, agora sou eu”, avançou rapidamente o OLHA. “Eu fiquei com o da Terceirona, fui até Lavra onde o jogo esteve com resultado incerto mesmo até ao fim. Melhores os locais na primeira metade, reação dos forasteiros, Folhetas a dar a cambalhota no resultado, com um penaltysem pontaria mesmo a terminar, que poderia ter dado o empate aos donos da casa”.

“Quase uma igualdade, como as várias de ontem. Agora, para terminar, chega o ALÉU”.

“Cá estou eu, que fui até Murches, uma partida entre duas equipas que querem fugir dos lugares de descida. Como era expetável tivemos grande equilíbrio, Estrela e Nunes a empatarem o jogo, mas o capitão Vaz queria levar os três pontos para o Casablanca e conseguiu, mas a luta pela manutenção vai ser até ao último segundo, digo eu”.

“Concordo, vai ser mesmo assim. Vamos encerrar as hostilidades por esta semana, pois no sábado estamos de volta”.

“Até para a semana Tio”.

Eles saíram monitor fora e eu fui descansar logo de seguida.

Fez a formação no Benfica e na Oliveirense, emigrou dois anos para França e está hoje no FORA DO RINQUE.

Nome Completo: João Francisco Machado Dias

Clube atual: FC OH Sports

Alcunha (se tiver): Kiko

Idade: 22 anos

Local de Nascimento: Cascais

Clube estrangeiro futebol: Manchester United

Jogador português futebol: Cristiano Ronaldo

Jogador estrangeiro futebol: Neymar Jr

Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Alex Merlim (Futsal)

Prato: Picanha

Sobremesa: Leite creme

Bebida: Coca-Cola

Filme: Não tenho

Ator: Não tenho

Atriz: Não tenho

Série televisiva: Não tenho

Livro: Não tenho

Cidade portuguesa: Lisboa

Cidade estrangeira: Paris

Animais de estimação: Cão

Jogo de computador/consola: FIFA

Hobbies: Sair com os amigos

Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Futebol

Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Jogo da subida pelo US Villejuif, quando subimos de divisão.

A SACADA deste domingo ocorreu no Minho, numa partida da 1ª divisão.

Catorze golos, com destaque para o veterano internacional português Ricardo Silva (9) do Famalicense AC.

O VELHO de hoje vai para Pedro Mendes (HC Braga) que fez uma mão cheia de golos no jogo que falei antes.

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