Quinhentos Anos e Cinco Oceanos


(8/06/2024) Se não tivéssemos tido eleições antecipadas, muito provavelmente, por esta altura estaria duas semanas de férias das Crónicas, pois a Nazaré já me teria recebido para a narração do futebol de praia.

Do alto do Estádio do Viveiro – Jordan Santos, a vista para o Atlântico é extraordinária, um dos cinco existentes que se comemora hoje, no Dia dos Oceanos, criado durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992, mas, no entanto, só foi oficializado pela a ONU em 2008.

Mas por vezes a dúvida pode surgir.

Não existem sete mares?

O termo foi amplamente utilizado em diferentes culturas ao longo do tempo, na literatura grega, os sete eram os mares Egeu, Adriático, Mediterrâneo, Negro, Vermelho, Cáspio e o Golfo Pérsico.

Conforme o mundo foi sendo conhecido, eles foram mudando de cara, pois na literatura europeia medieval, eles já eram o mar do Norte, Báltico, Atlântico, Mediterrâneo, Negro, Vermelho e Arábico, mais tarde, com a avanço das navegações, os sete passaram a referir-se ao Ártico, Atlântico, Índico, Pacífico, Mediterrâneo, Caribe e o Golfo do México.

Atualmente, se considerarmos a divisão do oceano Atlântico Sul e Norte e o Pacífico Sul e Norte, mais o oceano Índico, Ártico e Antártico, poderíamos dizer que temos 7 mares, mas estávamos errados, porque tecnicamente falando um oceano não é um mar.

O objetivo desta data é relembrar a importância dos oceanos para o equilíbrio da vida no planeta Terra, eles que constituem dois terços da superfície terrestre e são o principal regulador térmico do planeta, enquanto nos dias de hoje o grande desafio é minimizar o impacto que as atividades humanas estão a provocar nos oceanos.

Enquanto pensava de novo na Nazaré, lembrei-me de um desafio para a juventude e enviei-lhes uma sms: “Olá juventude, no sábado festejamos o Dia dos Oceanos e cada um de vocês vai falar de um, deixando os mais frios para mim. Abraço”.

A mensagem seguiu na quinta-feira e daqui a pouco eles estão a chegar.

“Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude”.

“Então agora já nos dás trabalhos para casa sobre geografia?”, questionou a RODINHAS com um enorme sorriso.

“Os velhos são assim, de vez enquanto têm ideias parvas”, ri-me eu. “Vamos começar por aí? Quem é o primeiro?”.

“Por acaso até sou eu”, brincou ela. “Antes de começar deixa-me explicar que fizemos um sorteio entre os três e calhou-me o Oceano Índico, o terceiro em extensão territorial, banhando o leste do continente africano, o sul da Ásia, o oeste da Oceânia e parte da Antártida”.

“O papelinho que me calhou dizia Oceano Pacífico”, explicou o OLHA. “Ele é o Maior, tem uma extensão aproximada de 146,5 milhões de km², devido ao seu tamanho apresenta diferentes condições climáticas e variadas temperaturas, atinge o oeste da América, o sul da Antártida, a Oceânia e o leste asiático”.

“A mim calhou-me o nosso, o Atlântico, ele que é segundo maior, divisor natural entre os continentes americano, europeu e africano, sendo que devido à Linha do Equador, é chamado de Atlântico Norte e Atlântico Sul”, terminou ele.

“Para mim ficaram os mais pequenos e gelados, o Glacial Antártico localizado no extremo sul do planeta, também conhecido como Oceano Austral, formado pela junção das águas dos três maiores oceanos do mundo, que chega até a Antártida, já o Glacial Ártico localiza-se no Polo Norte, sendo formado por águas congeladas e águas com baixas temperaturas devido ao ângulo de inclinação da Terra e à baixa insolação nessa região”, terminei eu.

“Acho que tu arranjaste esta diversão para nos distraíres do que é o almoço hoje”, brincou a RODINHAS.

“Nada disso, achei que o Dia dos Oceanos merecia uma digna homenagem. Antes de irmos à ementa, o ALÉU vai-nos trazer o Plano de Festas”.

“Já está prontinho, o AMAGADINHO sempre de olho na Primeirona, a RODINHAS vai dizer-nos quem é o campeão da Segundona e o seu trajeto esta época, o mesmo trabalho para o Tio, mas sobre o novo primodivisionário, o OLHA fica com a Feminona, enquanto que eu vou olhar para as duas faces da Terceirona, a da subida e a do título”.

“Vamos lá então desvendar a ementa para hoje, a Princesa é que vai fazer o almoço, arroz de beldroegas com pastéis de bacalhau”.

“Arroz de quê?”, perguntaram os três com ar de espanto.

“Calma, a beldroega é uma planta originária da região do Médio Oriente e disponível em Portugal, maioritariamente nas regiões do Alentejo e do Algarve, faz parte dos recursos naturais do mundo mediterrânico e têm presença constante na gastronomia tradicional”.

“Ok, vamos reunir e perceber se queremos provar”, gozaram os três.

“Fico à espera da resposta, entretanto não se esqueçam de ir votar amanhã. Até terça-feira juventude”.

“Já sabes que nunca deixamos de colocar o nosso voto na urna. Adeus Tio”, despediram-se o três.

Não sei porquê, mas estas conversas de sábado de manhã acabam quase sempre no prato, mesmo em dia de reflexão eleitoral.

Na formação passou pelas capitais da maçã e do vidro, resolveu emigrar há sete anos e está no FORA DO RINQUE desta semana.

Nome Completo: Luís Miguel Bento Mateus

Clube atual: CS Noisy le Grand

Alcunha (se tiver): Não tenho

Idade: 35 anos

Local de Nascimento: Caldas da Rainha

Clube estrangeiro futebol: AS Roma

Jogador português futebol: Bernardo Silva

Jogador estrangeiro futebol: Juan Riquelme

Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Panchito Velásquez

Prato: Polvo à Lagareiro

Sobremesa: Baba de Camelo

Bebida: Água

Filme: Não tenho

Ator: Não tenho

Atriz: Não tenho

Série televisiva: Os Contemporâneos

Livro: Não tenho

Cidade portuguesa: Alcobaça

Cidade estrangeira: Roma

Animais de estimação (quais e nomes): Não tenho

Jogo de computador/consola: Poker

Hobbies: Ouvir música, estar com os amigos

Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Futebol

Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Campeão Nacional da 3ª divisão pelo Alcobacense e a Taça de França pelo CS Noisy le Grand.

(10/06/2024) A isto chama-se usar tudo o que há para seguir em frente.

Se calhar o AMAGADINHO pensava que entrava de férias cedo, mas estas quatro equipas não estão para aí viradas.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite miúdo, tudo bem contigo?”.

“Está tudo em altas. Lembras-te o que o que disseste no fim da nossa conversa de há uma semana?”.

“Já não me recordo”.

“Afirmaste que se mantivesse o padrão podíamos chegar ao quinto jogo”.

“Ah sim, já me lembro”.

“E acertaste. Comecemos por aquele par que só sabe vencer em casa. No jogo 3, no Dragão, três golos na primeira parte resolveram a contenda, já no João Rocha a coisa foi praticamente igual, levando a decisão para o Porto, a primeira negra destas meias-finais que se vai realizar na quarta-feira. Já o outro par, depois de andarem zangados com a sua casa, seguiram a normalidade com dois jogos muito equilibrados, decididos nos pormenores e que empurraram a decisão para o quinto jogo, quinta-feira na Luz”.

“Volto ao padrão da semana passada. O Sporting precisa de fazer o que ainda não conseguiu para chegar à final, já entre Benfica e Oliveirense, vamos ver se prevalece a primeira ou segunda metade dos quatro jogos”.

“Para a semana já falarei da final, pois o jogo 1 joga-se no domingo”.

“Nem mais, um abraço e até segunda-feira”.

“Xau Tio, abraço”.

Podemos ter uma final lisboeta, uma jogada a norte do Mondego ou um misto geográfico.

Que incrível reflexão lapalissada!

(11/06/2024) Pois é verdade, ontem fez 444 anos que morreu Luís Vaz de Camões.

Ou serão 445?

Foi a 10 de junho ou terá sido no dia 20?

Há muitas poucas certezas sobre tudo o que rodeia a vida de Camões, não se conhece oficialmente a data do seu nascimento, também não havendo certezas em relação ao dia sua morte, mas tudo indica que a sua Mãe o terá dado à luz há 500 anos.

Em 1940 Mário Saa publicou um livro com o título As Memórias Astrológicas de Camões e Nascimento do Poeta em 23 de Janeiro de 1524, onde o autor apresenta provas histórias da data do nascimento, afirmando também que: “Não há certeza absoluta quanto ao ano da morte do poeta. D. Gonçalo Coutinho em 1594 pôs-lhe na sepultura da Igreja de Santa Ana uma lousa com a seguinte inscrição: «Aqui jaz Luiz de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo, morreu no ano de 1579, esta campa lhe mandou pôr D. Gonçalo Coutinho, na qual se não enterrará ninguém». O documento relativo à tença de Camões (Livro III das Emendas, fl. 137 v., Torre do Tombo), reclamada a título de sobrevivência pela mãe dele, Ana de Sá, refere que o poeta teria morrido em 10 de Junho de 1580. Em qualquer dos casos, se 10 de Junho se refere ao calendário juliano então em vigor, no calendário gregoriano atual corresponderia ao dia 20 de junho”.

Independentemente das dúvidas e certezas, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra-se a 10 de Junho, durante o Estado Novo era celebrado como o Dia da Raça, mas a primeira referência ao caráter festivo deste dia foi no ano 1880, por um decreto real de D. Luís I que declarou a data como Dia de Festa Nacional e de Grande Gala, apenas nesse ano, para comemorar os 300 anos da hipotética data da morte de Luís de Camões.

O feriado já foi ontem, eles não tiveram aulas e estão de chegada.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite juventude. Esta é uma semana curta”.

“Bem bom, dia de descanso ontem, mais um na 5ª feira, com direito a uma bela sardinhada”, afirmou a RODINHAS.

“Esta miúda só pensa em comer, mas foi uma boa ideia e vamos festejar o Santo António os três”, explicou o ALÉU.

“Tu vais, mas não gostas de sardinhas, lá vais comer uma bifana”, riu-se o OLHA.

“Não gostas de sardinhas?”, perguntei eu. “E de carapaus?”.

“Disso gosto, mas as sardinhas têm muitas espinhas”, agoniou-se ele.

“Já fico a saber para o fim de semana que cá vierem, dado que a Princesa também não gosta delas. Bem, deixemos a gastronomia, para irmos até ao hóquei. Quem quer começar?”.

“Vou começar eu, que trago um campeão comigo”, avançou a RODINHAS. “A Sanjoanense trouxe dois golos de desvantagem da ilha do Pico, mas ao intervalo desta 2ª mão já tinha igualado a final, sendo que na segunda metade marcou por mais duas vezes, conquistado o título da Segundona, culminando uma temporada onde só perdeu dois jogos, em casa com a Juventude de Viana e na Póvoa de Varzim, não empatou nenhum jogo, marcando 186 golos na época de regresso à Primeirona depois da despromoção há duas temporadas”, finalizou ela.

“Impressionante o número de golos marcados pelos pupilos do Rei Ventura, mais de sete por jogo. Na luta pelo terceiro lugar de acesso à subida também dois golos separavam paredenses e vianenses, com vantagem para os minhotos, mas aos doze minutos de jogo já tinham ampliado para quatro a sua margem, o Parede ainda conseguiu, já na segunda metade, ficar, por duas vezes, a um golo de igualar a eliminatória, mas a Juventude de Viana não foi na conversa e juntou-se à malta de São João da Madeira e da Candelária na subida ao escalão máximo do hóquei nacional. Segundona arrumada e já de férias, vamos focar-nos na Feminona”.

“Nos quartos de final os principais candidatos ao título, Benfica e Turquel, confirmaram a vantagem trazida do jogo 1, com duas vitórias expressivas nos rinques do CENAP e Gulpilhares, respetivamente, já nos outros dois jogos foi preciso a negra. A Sanjoanense depois de ter goleado em Oliveira de Azeméis no jogo 1, foi surpreendida em casa pela Escola Livre, dois jogos em São João da Madeira muito equilibrados, mas o fator casa a ser decisivo, enquanto que na Feira, o Académico, depois de ter perdido no Tojal, sofreu para vencer o jogo 2, esteve a perder por três golos já na 2ª parte, conseguiu levar a eliminatória para o jogo 3 com dois golos na parte final, sendo que no jogo decisivo esteve sempre na frente, apesar da excelente réplica das miúdas do Tojal”, finalizou o OLHA.

“Já vai sendo tarde, mas ainda falta a Terceirona, a que eu estive muito atento à terceira jornada, começando pelo título, o OH Sports continua imbatível vencendo em Ponte de Lima numa partida onde esteve sempre na frente, já a rapaziada de Alcobaça foi vencer a Ponta Delgada, mantendo a esperança de reduzir os cinco pontos de desvantagem para o líder, já no que diz respeito à luta pela subida está tudo muito equilibrado, os leões de Torres venceram na casa Mãe, enquanto que o Lavra bateu o Leiria e Marrazes, final da primeira volta com dois pontos de diferença entre o 1º classificado – Sporting Torres – e último que é o Sporting B, ou seja, tudo em aberto na luta pelos dois lugares de subida à Segundona”, concluiu o ALÉU.

“Rapaziada, por esta semana estamos despachados, sábado cá nos voltamos a encontrar”.

“Adeus Tio”, despediram-se os três enquanto partiam para longe da minha vista.

Já não faltam muitos O VELHO para distribuir esta temporada, sendo que o desta semana vai para a chilena Sofía Reyes (CA Feira), decisiva para levar a sua equipa até às meias-finais do campeonato.

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