Ressaca Ibérica


Esta manhã levantei-me muito bem-disposto, talvez por hoje ser sábado.

Quando estava no ativo, em termos profissionais, este era para mim o melhor dia da semana, porque a jornada seguinte também era longe da rotina do dia a dia.

Depois lembrei-me daquela derrota em Braga e pensei em voz alta: “Não posso dar nenhuma dica sobre este assunto, pode ser que eles não se lembrem”.

Arrumei umas papeladas, enviei um mail e fiquei à espera que eles chegassem. Pouco tempo depois eles surgiram no monitor, mas o ar que aparentavam veio ao encontro da minha desconfiança.

“Bom dia juventude. Que caras são essas? Houve noitada ontem?”.

“Bom dia Tio, nada disso, ainda estamos a ressacar o jogo de Portugal”, lamentou o OLHA.

Como eu suspeitava, eles estavam muito em baixo, pelo que optei pela vertente psicológica, falando do que lhes doía.

“Vamos lá então aproveitar o nosso habitual fora da caixa para falarmos desse jogo com a Espanha. Quem é que quer começar?”.

“Posso ser eu”, avançou o ALÉU. “Mas que raio de jogo foi aquele que fizemos? Então, mas o treinador mexe tarde na equipa e ela ainda ficou pior? Temos dos melhores jogadores do Mundo, mas o Fernando Santos deixa muito a desejar”, desabafou ele.

“Eu até gosto muito do Cristiano Ronaldo, acho que ele tem feito muito pela nossa seleção, mas não tem que jogar sempre o jogo todo, além de que a sua capacidade já não é a mesma”, afirmou a RODINHAS.

“Quando jogamos para empatar dá sempre este resultado”, começou o OLHA. “O Engenheiro acredita muito na Nossa Senhora de Fátima, eu respeito, mas não podemos estar sempre à espera que ela nos ajude. Sinceramente acho que o nosso selecionador já não devia ir ao Mundial”, concluiu ele, num tom irritado.

“Agora que vocês já desabafaram, deixem-me dizer qualquer coisa sobre o assunto. O futebol, como todas as modalidades desportivas, vive do momento, além, obviamente do trabalho semanal, que nas seleções quase não existe por falta de tempo. Alguém duvida que aquele grupo de trabalho não queria chegar às meias-finais da prova? Claro que não. Depois não nos podemos esquecer que do outro lado da barricada estava outra equipa que também queria vencer, uma Espanha fortíssima, que já foi campeã do Mundo e mesmo não atravessando um bom momento, foi mais eficaz que nós. Vejam os jogos assim, como vocês já o fazem no hóquei em patins e não se vão enervar tanto. Entendido?”.

Silêncio sepulcral nos micros, mas caras de assentimento.

“Mais alguma coisa antes de dividirmos tarefas para hoje?”.

“Só queria falar sobre o derby de quarta-feira”, pediu a RODINHAS.

“Sim, claro, com este sermão que vos dei até me esqueci. Conta-nos lá como foi”.

“Foi um jogo muito interessante, e como se costuma dizer tivemos duas partes diferentes. Na primeira só marcou o Sporting, sendo que na segunda só o Benfica acertou na baliza, cinco vezes mais que os leões e venceu uma partida que foi corretíssima, o que nem sempre acontece nestes jogos de enorme rivalidade”.

“Muito bem. Hoje começa o Nacional da 2ª divisão, dois de vocês olham para um jogo a Norte e outro a Sul. Eu vou estar atento a Liga Europeia, com especial atenção às equipas portuguesas, enquanto o que sobrar dos três vai falar do Nacional da 1ª divisão. Estão de acordo?”.

“Confirmado”, gritaram os três. “Até logo Tio”.

“Até logo juventude”.

Saber perder é muito mais difícil do que saber ganhar.

Hoje no GPS vamos conhecer um clube da Associação de Patinagem de Lisboa, situado em Vale de Lobos.

Por lá vamos encontrar o Grupo Desportivo e Recreativo “Os Lobinhos” que foi fundado em 1947, localizado na União das Freguesias de Almargem do Bispo, Pêro Pinheiro e Montelavar, população que nos últimos dez anos cresceu 2,6%, registando no final do ano transato quase 17300 habitantes.

A trinta minutos de Lisboa, na aldeia de Vale de Lobos pode almoçar ou jantar Restaurante O Simões da Aldeia.

Dizem as más línguas que por lá come-se muito bem.

O horário do futebol perturba o nosso trabalho.

Hoje agendámos a nossa reunião à distância enquanto a bola saltita no monitor da televisão.

Mera coincidência – e bom gosto, diria eu – sofremos os quatro pela mesma agremiação, que joga por esta hora, mas por esta altura surgiu-me uma dúvida que expressei em voz alta: “Será que eles só aparecem no fim do jogo?”.

Momentos depois a minha inquietação ficou esclarecida.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite malta. Vamos ao trabalho?”.

“Tio, tenho um pedido a fazer. Da próxima vez que jogar o nosso clube não podemos desencontrar a nossa reunião da noite?”.

“Percebo e compreendo, mas depois do jogo já ficava um bocado tarde. Eles é que antes de marcarem o horário dos jogos deviam consultar-nos”, brinquei eu.

A gargalhada foi geral e eu continuei.

“Vamos falando e espreitando pelo canto do olho, mas sem nenhum spoiler, pois nem todos estamos no mesmo segundo do jogo. Esta noite começamos com a RODINHAS”.

“Eu estive muito atenta à 2ª divisão, naquela zona que se realiza mais a Norte. Foquei-me nas incidências no pavilhão Municipal de Paços de Ferreira, a rapaziada dos móveis”, brincou ela. “Tivemos uma partida emotiva, melhor os pacenses no início, os gaienses foram recuperando, mas sempre que estavam a um golo da igualdade, lá viam fugir a oportunidade, sendo que na parte final a tentativa de equilíbrio transformou-se numa vitória robusta dos locais”, finalizou a nossa cachopa.

“Um jogo entre duas equipas que estiveram muito bem a época passada. Agora é a vez do OLHA”.

“Mais a Sul, a minha atenção esteve focada na terra dos vidreiros, no velhinho Pavilhão da Embra. Enorme equilíbrio entre dois candidatos à subida, os da casa a entrarem muito bem, mas os alenquerenses foram recuperando e chegaram à única vantagem, e decisiva, já na parte final, num jogo com três livres diretos que não deram golo”, terminou ele.

“Um início promissor do Alenquer. Vamos lá às novidades trazidas pelo ALÉU.

“A agora denominado Campeonato Placard, foi o meu alvo neste sábado, muito atento ao encontro em Famalicão, entre duas das três equipas que subiram este ano. Primeira metade com superioridade dos forasteiros, na segunda metade os minhotos passaram para frente, de novo permitiram a ultrapassagem, mas com a meta à vista foram mais fortes e não permitiram o primeiro triunfo da rapaziada do Caleta”, terminou ele.

“Gostei, até parecia uma corrida de automóveis. Agora é a minha vez com a segunda jornada da primeira fase de grupos da Liga Europeia, neste novo formato, onde as resoluções ficaram, quase todas, guardadas para amanhã.  Oito equipas serão apuradas, duas italianas já carimbaram o passaporte – o Hockey Forte e o Valdagno – sendo que HC Braga e Valongo só dependem de si próprios para seguirem em frente, contas para fechar no domingo. Mais um dia fechado e amanhã há mais. Beijos e abraços para a juventude”.

“Até amanhã Tio”, responderam eles, saltando rapidamente do monitor.

Estranho, ninguém interrompeu durante a nossa reunião.

Só depois percebi o motivo.

Não houve golos!

Se pensavam que no FORA DO BANCO não existem mulheres estão bem enganados.

Esta semana temos um Mulher do Norte que há 25 anos não larga o aléu.

Nome Completo: Cláudia Duarte da Costa

Clube atual: Académico FC

Idade: 35 anos

Local de Nascimento: Joanesburgo

Prato preferido: Lulas recheadas feitas pela minha mãe

Melhor cidade para viver: Porto, claro

Livro que está na mesa de cabeceira: Livro sobre Shiatsu

O filme que já viu mais do que uma vez: A Múmia

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim. CH Carvalhos e CD Boliqueime

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Tive na época seguinte a tirar o curso a possibilidade de treinar os sub-9 e ajudar a iniciação no clube onde ainda jogava. Agarrei a chance

Clubes/seleções que já treinou: CH Carvalhos, Dragon Force, Paço de Rei e Académico FC

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: São escalões diferentes com as suas vantagens e desvantagens. Gosto de treinar a formação pela evolução rápida que vemos nos miúdos, mas também gosto de treinar seniores porque há a pressão de ganhar

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Com a equipa é a semana de treinos.

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Parece que atualmente, dar com o patim na bola não é falta. Acho que num jogo como o hóquei não faz sentido

Maior tristeza como treinador: É perder um jogo, fico difícil depois da derrota.

E, claro, a maior alegria: É sentir que fiquei na memória dos meus atletas

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Jogar contra equipas que só querem destruir jogo e não criar o seu jogo.

A SACADA de hoje ocorreu no Pavilhão do Ginásio Clube de Odivelas, onde tivemos 17 golos, sendo que o destaque vai para a Leonor Moleiro (11) e a Salusa Marques (5), guarda-redes da equipa da casa.

Iniciou a recuperação da sua equipa marcando o primeiro golo, marcou o seu segundo que deu o primeiro empate, tendo ainda tempo para marcar o golo da vitória do Famalicense.

Para o João Joca Guimarães vai O VELHO de hoje.

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