Mais uma semana passada em Cullera, nesta minha presença para dar uma ajuda nos primeiros dias de vida do Francisco.
Já não me recordo de todos os pormenores dos primeiros dias dos meus filhos, mas penso que há sempre semelhanças nestas alturas.
Como dizemos sempre quando a cegonha nos entrega uma nova vida, os bebés não trazem instruções de utilização, apesar da muita literatura que existe atualmente para substituir dos putos.
Nestas três situações que vivenciei – dois filhos – e estou a vivenciar – um neto – as Mães tiveram a sua primeira maternidade, o que trás sempre um stresse adicional.
Para juntar a tudo isto, cada criança é uma criança diferente, pelo que uma forma de resolver o assunto com uma, não é, necessariamente, a solução para outra.
Por exemplo o Francisco, que está a ser amamentado pela Cláudia, durante o dia come e dorme de forma tranquila, mas quando chega a noite, a situação altera-se e não lhe apetece descansar, o que torna o repouso dos progenitores uma tarefa quase impossível.
Os mais velhos chamam a isto sonos trocados, eu estou de acordo com a denominação, mas qual é a solução para isto?
Enquanto eu me debatia para encontrar uma resposta para esta questão, procurando algo dentro da minha habitual organização metódica, o portátil começou a dar sinais de ocupação.
“Bom dia Tio”.
“Bom dia juventude”.
“Como está o Francisco e os Pais dele?”, questionou de imediato a RODINHAS.
“Nesta altura estão todos muito fatigados, principalmente a Cláudia e o Rui”.
“Mas o miúdo não está bem?”, questionou o OLHA.
“Está ótimo, mas vocês já ouviram falar dos sonos trocados?”.
“Isso é o que me acontece quando me junto com amigos, deito-me muito tarde e no dia seguinte parece que ainda é de noite”, brincou o ALÉU.
“Estás na paródia, mas é isso mesmo”.
“Então, mas o bebé já vai para a noite?”, questionou a RODINHAS.
“Achas? Eu sei que estás na paródia, mas o que acontece é que ele dorme muito enquanto há sol, sendo que o escuro da noite é o seu dia laboral, a tal questão dos sonos trocados”.
“E agora?”, perguntou o OLHA.
“Essa é a questão de um milhão de euros. Com calma temos que lhe criar as rotinas que sejam as melhores para ele e para os Pais, tudo com uma enorme dose de paciência. Vamos aproveitar que agora ele está a dormir para seguirmos para o nosso trabalho. Quem é o porta-voz da Liga dos Campeões da jornada desta semana?”.
“Eu”, informou a RODINHAS. “Foi a penúltima jornada da fase de grupos, mas ainda há muita coisa por resolver. Tivemos cinco vitórias e um empate, com os azuis-e-brancos a garantirem o apuramento, enquanto que os encarnados confirmaram o primeiro lugar no grupo, apesar de não terem conseguido vencer na Luz. Na última jornada as outras quatro equipas portuguesas continuam todas com hipóteses de apuramento, mas vamos ter que fazer umas figas”.
“Tio, antes de avançarmos, tenho um resultado daqueles que tu gostas muito”, afirmou o OLHA.
“Não me digas que tivemos um empate a zero!?”.
“Exatamente. No pavilhão de Sequeira, bracarenses e espinhenses, antes dos vinte e três, jogaram a seguir à Champions, estiveram entretidos a ver os mais velhos e esqueceram-se de marcar golos”, finalizou ele com uma enorme gargalhada, daquelas bem sonoras.
“Se calhar foi isso. Vamos lá escalonar o nosso trabalho para esta semana. Eu vou olhar para a 2ª mão da Liga Europa do hóquei, a RODINHAS fica com a Primeirona, sendo que os rapazes escolhem entre eles o que vão acompanhar, de acordo?”.
“Sem problema, mas antes de desligarmos, queremos saber qual é o petisco que vais fazer hoje para o almoço?”, pediram eles em uníssono.
“Não sei se vocês sabem, mas eu não sou um grande cozinheiro, apenas me safo bem. Comprei ontem um entrecosto que vou fazer de cebolada”.
“Ui, que bom! Até parece que já me cheira!”, exclamou o ALÉU.
“Vocês são é uns gulosos! Até terça”.
“Adeus Tio”, despediram-se eles em excesso de velocidade.
Fiquei a pensar.
Eram meninos para terem tido os sonos trocados em bebés.
Esta semana no FORA DO BANCO temos um jovem técnico que gosta de comida italiana e do Pi, mas, como eu, não aprecia Pais tendenciosos.
Nome Completo: Sérgio Rafael Francisco Soares
Clube atual: AD Sanjoanense
Idade: 26 anos
Local de Nascimento: Oliveira de Azeméis
Prato preferido: Risotto à carbonara
Melhor cidade para viver: Porto
Livro que está na mesa de cabeceira: Não sou muito de leituras
O filme que já viu mais do que uma vez: A Vida de Pi
Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim, Oliveirense, Cucujães, Escola Livre e Termas
Como/quando chegou a opção de ser treinador: Já era algo que queria, e após sofrer uma lesão que me impossibilitou de continuar a jogar, ponderei ser treinador mais a sério
Clubes/seleções que já treinou: Oliveirense (sub-13), Termas (adjunto) e a Sanjoanense (sub-19 e sub-23)
Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Seniores
Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: A nível de treino um dia, a nível de vídeo entre 1 dia e meio e 2
Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Buzina na linha de golo
Maior tristeza como treinador: Para já, nenhuma
E, claro, a maior alegria: Várias. Nos sub-13 da UDO levar os miúdos ao Nacional, só com rapazes da terra. No Termas subi à 2ª divisão e no ao a seguir consegui a manutenção. Esta época na Sanjoanense ir ao Nacional com os sub-23
Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Diretores (que são apenas pais) sempre a opinar e só a puxar pelo filho.
Com o portátil em modo de voo, sigo de Valência em direção a Lisboa, aproveitando uma viagem de um tamanho de um jogo de futebol, sem descontos, para adiantar a Crónica semanal.
Não deve ter nada a ver com o facto do meu Avô paterno ter trabalhado na CP, mas gosto de visitar estações e andar de comboio.
No último dia em Cullera neste périplo Franciscano, reservei a última caminhada para conhecer a estação local da Renfe, entidade que explora a rede ferroviária espanhola.
Como habitualmente faço em Oriola, também por aqui não perdi o hábito de fazer as minhas voltas matinais, sendo que ontem repeti a ida ao Castelo local, uma subida muito dura, que na primeira vez utilizei também para descer, mas que nesta segunda-feira pelo lado onde em 2020 subiram os ciclistas na Volta à Comunidade Valenciana. Já na altura tinha visto na televisão a dureza da subida, mas até a descer cansa.
Mas voltemos à estação dos comboios.
Trata-se de uma pequena estação, com controlo de entrada eletrónico, o que me impossibilitou de poder entrar na plataforma, mas pelo que pude ver com bastantes passageiros à espera para se deslocarem até Valência, uma viagem que dura pouco mais de 30 minutos.
Por esta altura o avião já via o Aeroporto Humberto Delgado, fechei o portátil, para regressar daqui a pouco, depois de uma pequena viagem de comboio, até casa do Ricardo.
Jantar arrumado, liguei o computador e fiquei à espera que a juventude chegasse à hora combinada.
“Boa noite Tio”.
“Boa noite juventude”.
“Foi boa a viagem?”, perguntou o OLHA.
“Uma maravilha, tranquila e a horas”.
“E o Francisco? Ainda continua com os sonos trocados?”, questionou a RODINHAS.
“Não está fácil. Normalmente o primeiro mês é o mais complicado, até lhe conseguir criar rotinas. Vamos ver como correm os próximos dias. Estou cansado, pelo que vamos despachar isto para depois irmos todos descansar, até porque já não é cedo. Eu estive precisamente no pavilhão onde na 5ª feira não houve golos. Os minhotos precisavam de reverter dois golos de desvantagem que tinham vindo de Igualada, já sabiam que era uma tarefa árdua, foi um jogo emocionante, que mereceu um prolongamento necessário para trazer alegria à equipa portuguesa que vai estar a final a quatro da prova, encontrando nas meias-finais o Lleida, que, curiosamente, também precisou de tempo extra para seguir em frente. Quem se segue?”.
“Eu fui espreitar um jogo num pavilhão onde o Tio já esteve muitas vezes”, começou o ALÉU.
“Já percebi que estiveste no Pico”.
“Exatamente. Uma partida louca, apesar de não ter tido muito golos. A malta do Pedro Afonso só sabia ganhar nos Açores, mas este sábado, enquanto lutam ombro com os brutos dos queixos, perderam com o Oeiras e podem ter atrapalhado a luta pela subida direta”.
“Agora é a minha vez”, começou o OLHA. “Na Terceirona todos olhavam com muita atenção para a Casa do Povo da Sobreira, a única equipa das três divisões que só sabia ganhar. Não sei se acenderam alguma velinha, mas o que é certo é que perderam e logo no seu recinto. Na primeira parte deram três de avanço à rapaziada de Vila Boa do Bispo, quiseram recuperar quando o jogo estava a descer, mas a rampa final foi curta. Conclusão: já não há equipas só com vitórias”.
“Exatamente, e hoje vamos terminar com a RODINHAS”.
“A Primeirona foi a minha praia esta semana… “.
“… desculpa interromper-te, mas já que falas em praia, sabendo eu como tu gostas do mar, tens que dar um pulo a Cullera. A água está sempre excelente, por vezes atingindo, no verão, mais de 25 graus”.
“Isso é espetáculo! Tenho que tratar dessa viagem. Bem, mas em relação à piscina dos grandes tivemos uma surpresa em Murches onde os azuis-e-brancos confirmaram que não atravessam um bom momento, venciam ao intervalo, mas permitiram a reviravolta na segunda metade. Olhando para a luta pelo oitavo lugar, vão ser quatro galos para um só poleiro, com a malta de Cascais a dar um passo importante com esta vitória”.
“Muito bem, como é habitual. Como vocês já sabem vamos ter o Inter-Regiões na Mealhada, começa na 5ª feira e termina no domingo. Eu vou fazer a narração de todos os jogos, pelo que no sábado não fazemos a nossa reunião. Sendo assim vamos voltar a falar daqui a uma semana, eu fico com esta prova e vocês escolhem o que cada um faz, certo?”.
“Tudo bem Tio”, sublinharam eles com um polegar positivo.
“Quantas vezes já fizeste o Inter-Regiões?“, quis saber a RODINHAS.
“Este o sexto masculino, mas também já fiz dois femininos”.
“Bom trabalho Tio”, gritaram eles em conjunto.
“Adeus juventude, até para a semana”.
Desliguei o portátil, com ideia de me ir deitar, mas ainda vou arrumar a tralha para levar amanhã para a capital do leitão.
Esta semana a SACADA aconteceu em Sacavém, onde numa partida dos mais novos (sub-13) tivemos dezassete golos com destaque para Maria Coelho (14), guarda-redes do CACO.
Chegar a uma final europeia é um sonho, sendo que concretizá-la é uma data para a vida.
Gonçalo Meira (HC Braga) marcou o golo que vai levar a sua equipa para as decisões e fica com O VELHO desta semana.