Não foi a primeira vez que isto aconteceu, pois já o ano passado eles tinham cá estado um fim de semana.
A diferença é que desta vez a viagem foi de automóvel, em vez do comboio usado em 2022, sendo que fui buscá-los a Vila Nova da Baronia.
O OLHA conseguiu cravar o carro ao Pai e lá vieram eles passar um fim de semana a Oriola, com um enquadramento diferente, pois agora reunimos ao sábado e terça-feira, aquelas conversas que surgem por aqui na quarta.
Enquanto chegava a hora previsível para Oriola os acolher, aumentava a minha impaciência, pois ele não tem muita experiência em viagens mais longas.
“Tem calma, vai tudo correr bem”, animava-me a Princesa.
“Eu sei, mas fico mais descansado quando eles aterrarem aqui”.
“Manda-lhes uma mensagem”.
“Boa ideia, vou enviar uma à RODINHAS”.
Minutos depois chegava a resposta: “Tio, parámos para beber um café em Évora, daqui a pouco estamos aí”.
“Sabem o caminho?”.
“Sim, já colocámos no GPS. Até já”.
Depois de colocar um ok na comunicação, fiquei mais descansado.
Durante a semana fomos trocando mensagens no nosso grupo do WhatsApp – quem não pertence a uns tantos? – que se chama o Bom Malandro. Por lá fomos definindo a ementa para sábado e domingo, de forma quase unânime.
Minutos depois ouvi um carro a parar à porta, logo surgindo uma algazarra, em conjunto com o ladrar aflito do Pizzi.
“Bom dia Tio, está um bocadinho frio, não?”, questionou o ALÉU.
“Nada disso, o frio…”.
“Já sei, já sei, o frio é psicológico”, interrompeu-me o OLHA.
“Nem mais, vês como tu sabes. Correu bem a viagem?”.
“Com total tranquilidade, sempre dentro dos limites de velocidade, tudo normal”, brincou o ALÉU.
“Espero bem que sim. Bom, proponho que vamos almoçar, para depois fazermos a nossa reunião de sábado”.
“E o que é o almoço hoje?”, perguntou a RODINHAS.
“Já tínhamos falado disso durante a semana, para não fazermos nada que vocês não gostassem. Hoje temos uma carne de porco à alentejana, que eu vou fazer, sendo que amanhã a Princesa vai presentear-nos com um cozido à portuguesa”.
“Que maravilha, ainda bem que não há por aqui ninguém vegetariano”, brincou o ALÉU.
“Mas não havia problema, se houvesse, fazíamos uma ementa diferente. Já tivemos cá em casa pessoas com outras intolerâncias e tudo se resolveu. Bem vou tratar do nosso almoço”.
À mesa não se falou de hóquei, aliás não se falou de quase nada enquanto a carne, as ameijoas e as batatas fritas deram luta.
“Tio, estava excelente. Este é um dos pratos de que eu gosto mais, mas a carne estava tão tenra e saborosa, uma maravilha”, exclamou o OLHA. “Qual é o segredo para ficar tão boa?”, perguntou a RODINHAS.
“Nada de especial, mas a qualidade da carne é fundamental para ficar com esta qualidade”.
“Modéstia em exagero Tio, estava um espetáculo”, exclamou o ALÉU.
Agradeci os elogios, fomos beber o café e chegou a altura de irmos ao trabalho.
“Tenho estado a pensar sobre o que conversámos há uma semana, sobre aquela ideia de referirmos globalmente uma prova, em vez de jogos em concreto. Refleti melhor e acho que devemos fazer um dois em um, ou seja, cada um fala de um jogo, podendo-se falar do campeonato em causa, caso se justifique. O que acham?”.
“Parece-me bem”, concordou a RODINHAS, enquanto que eles acenaram de forma afirmativa.
“Muito bem, então esta semana eu fico com um da 1ª divisão, um de vocês fica com outro da Primeirona, sendo que os restantes ficam com um da 2ª divisão e o outro olha para a Liga europeia feminina”.
“Tinha preparado aqui um pequeno resumo da jornada a meio da semana da Primeirona, como o Tio inventou. Queres que fale já ou guardamos para 3ª feira?”, quis saber o ALÉU.
“Vamos já a isso, pois este fim de semana temos outra jornada”.
“Foi uma jornada que teve um clássico no Dragão, que deixou os azuis-e-brancos na frente da classificação, não existiram grandes surpresas, mas teve a curiosidade de nos sete jogos, quatro equipas terem ficado a zero, o que não é muito habitual a este nível. Um último registo para o Murches, que depois de ter empatado no João Rocha, venceu em casa e já entregou a lanterna vermelha aos homens do Casablanca, tendo também ultrapassado a formação da Princesa do Lima”.
“E esta não é a tua”, gozou o OLHA.
“Mas é uma cidade muito bonita, Viana do Castelo, onde já estive várias vezes. Aliás estava lá quando começou a Guerra do Golfo em 1990”.
“Tio, estás a ficar velho, por essa altura nenhum de nós tinha nascido”, riu-se a RODINHAS.
“Isto não é velhice, mas sim experiência”, brinquei eu. “Vamos lá dar uma volta na aldeia para vocês recordarem a nossa barragem que está, atualmente, muito vazia”.
“Mas tem chovido tanto!”, argumentou o ALÉU.
“Pois tem, quase todas as barragens estão cheias em Portugal, mas agora há que gerir os caudais. Daqui a umas semanas acredito que a situação ficará normalizada. Mas agora chega de conversa e vamos lá passear”.
A seguir ao sábado, veio o domingo, dois dias bem passados, muita gargalhada, muito hóquei e a promessa de voltarem de novo, com uma última mensagem a confirmarem que tinham chegado bem a casa.
E, claro, todos adoraram o cozido da Princesa.
Hoje temos no FORA DO RINQUE um guarda-redes que evita que as bolas pretas entrem na sua baliza, mas também gosta muito das brancas.
Nome Completo: David Manuel Dias Rosado Marques Biléu
Clube atual: Hóquei Clube de Sintra
Alcunha (se tiver): Biléu
Idade: 19 anos
Local de Nascimento: Olivais, Lisboa
Clube estrangeiro futebol: Liverpool
Jogador português futebol: Cristiano Ronaldo
Jogador estrangeiro futebol: Mbappé
Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Ângelo Girão
Prato: Francesinha
Sobremesa: Mouse de chocolate
Bebida: Água
Filme: Beleza Americana
Ator: Jack Nicholson
Atriz: Meryl Streep
Série televisiva: House of Cards
Livro: O Ano da Morte de Ricardo Reis
Cidade portuguesa: Aveiro
Cidade estrangeira: Londres
Animais de estimação: Gato
Jogo de computador/consola: The last of us
Hobbies: Música, filmes, viajar
Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Ténis de mesa
Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Primeiro jogo como guarda-redes, em benjamins, na Física.
Bolas, esta semana recebemos de prenda o frio polar.
Não sei se veio da China, eles que por lá estão a celebrar o seu Ano Novo, onde entraram no domingo em 4721.
Não é erro não, é mesmo assim.
Segundo estas contas asiáticas, este é o ano do Coelho, símbolo da paciência, longevidade e sorte, além da gentileza e serenidade.
A tradição chinesa explica que este bicho foi o quarto dos 12 animais que subiram ao palácio de Buda, em resposta ao pedido do Imperador de Jade, tendo lá chegado por esta ordem: Rato, Búfalo, Tigre, Coelho, Dragão, Cavalo, Cabra, Macaco, Galo, Cão e o Porco.
Não sei porque é que o frio me levou até ao zodíaco chinês, mas provavelmente estas baixas temperaturas então a congelar-me as meninges.
Claro que a gastronomia daquela zona do mundo não se compara – na minha opinião – com a nossa, mas saltando para as questões do prato e talheres, claro que quando se faz um bom cozido, como aquele que degustámos no domingo, ele não nos proporciona só uma refeição.
Geralmente dá para mais uma, duas, dependendo do apetite, mas ainda hoje aproveitámos a última parte para se fazer uma bela feijoada de porco.
Já com saudades da juventude, eles chegaram à hora combinada, tal e qual um bom relógio suíço.
“Boa noite Tio”.
“Muito boa noite. Tudo em grande forma?”.
“Claro que sim, estamos todos em grande, já com saudades do cozido”, riu-se o OLHA.
“Fica já combinado que da próxima que cá voltarem a Princesa vai fazer outro, este com o focinho que faltou desta vez”, brinquei eu.
“Tio, temos tempo para um fora da caixa?”, perguntou a RODINHAS.
“Cá está a miúda irrequieta”, afirmação que fiz com uma grande gargalhada. “Deixa-me adivinhar, queres falar de algum tema do futebol?”.
“Por acaso era”, confirmou ela meio envergonhada.
“Vamos lá, mas sem demorarmos muito”.
“Só queria saber o que pensam da ida do Fernando Santos para a seleção da Polónia”.
“Foi uma surpresa não foi?”, questionou o ALÉU.
“Não acho. Parece-me que os treinadores portugueses estão muito bem cotados, pois se não fosse assim, depois do Paulo Sousa ter deixado os polacos pendurados no play-off, não iam buscar outro tuga”, argumentou o OLHA.
“Eu penso que pode ser uma boa aposta, até porque acho que numa seleção de meio da tabela europeia, o Engenheiro encaixa melhor, mas os resultados é que vão ditar o seu futuro à frente da seleção. Chega de pontapé na bola e vamos ao nosso trabalho. Hoje vou ficar para o fim, quem é que arranca?”.
“Eu! Desta vez estive muito atento ao que se passou no Pavilhão Fernando Lopes Graça, na Parede, onde já estive em vários anos nas Clínicas de Verão, como atleta e monitor. Lá tivemos um jogo muito equilibrado, só resolvido na parte final da partida, com relevo para os dois guarda-redes que não permitiram nenhum golo – dois cada um – de bola parada”, terminou o ALÉU.
“Agora sou eu”, avançou a RODINHAS. “O meu foco foi a Liga dos Campeões feminina, quatro grupos de três equipas, apurando as duas primeiras para os oitavos de final. Com duas jornadas realizadas, para as equipas portuguesas o futuro já está traçado. O Feira já está fora da fase seguinte, enquanto que o Benfica já garantiu o apuramento, ou seja, 50% de felicidade portuguesa”.
“Antes do Tio, chega a minha vez. Jogo no José Albano Mateus, aquele pavilhão que tem as bancadas muito inclinadas, que até dá vertigens”, brincou o OLHA.
“Mas é verdade, aquilo é mesmo bué de inclinado”, confirmou o ALÉU.
“Vamos lá ao jogo, o líder da Aldeia do Hóquei, escorregou na Vila dos Fenómenos, uma excelente partida, incerteza no resultado, sendo que foi o Governo que garantiu o empate. Desculpem lá, mas não podia deixar escapar este trocadilho”, terminou ele, com as lágrimas de riso a escorrerem pela cara abaixo”.
“Que engraçado, mas é verdade, o apelido do João está mesmo a pedir. Vou terminar, começando por dizer que o sorteio foi engraçado, sendo que depois de bater o Benfica, o FC Porto recebeu o Sporting na jornada seguinte. Controlou a primeira parte do jogo, chegou ao intervalo em vantagem, mas claudicou na segunda metade, sendo ultrapassado no resultado e entregando a liderança para os encarnados que a tinham perdido, naquele mesmo local, há dias. Foi tipo, tira com um stique e dá com outro”.
“Pois foi, coisas da matemática dos pontos”, resumiu o OLHA.
“Esta semana estamos despachados, no sábado voltamos a falar”.
“Boa noite Tio”, despediram-se eles, desaparecendo rapidamente da minha visão informática.
Agora vou descansar, pois isto de me levantar todos os dias às 7 e meia da manhã para ir caminhar dá um sono do caraças!
A SACADA desta semana aconteceu num pavilhão onde já fui muito feliz, mas com um enorme cansaço, depois da narração de muitos jogos num só fim de semana.
Tivemos quatorze golos no Municipal de Alcobaça, com destaque para o Pedro Abreu (6) e o Miguel Soares (2), os dois que protegem as redes da baliza do Stuart HC Massamá.
Noutro pavilhão onde, também já fui muito feliz, jogou e marcou o hoquista que levou para casa o VELHO desta semana.
A sua equipa é o Sobreira, que lidera a zona B da Terceirona, a deslocação a Oliveira do Hospital não era fácil, mas Vítor Hugo Moreira fez um poker, justificando a distinção e projetando a sua equipa para a Segundona.